Alegrias da minha vida...



Há coisas que eu gosto de ver. Coisas que me dão uma alegria particular. Uma alegria perversa, certamente, mas consegue sempre arrancar-me um sorriso.

Uma das coisas que em particular me dá vontade de rir é ver/ler/ouvir velhos decrépitos a invocarem a sua idade como razão para os novos os seguirem sem mais nenhum argumento. A isto dá-se o nome de argumentum ad verecundiam ou argumentum magister dixit, vulgo argumento de autoridade. Ou seja, estamos perante uma falácia. Esta falácia é uma das minhas favoritas pois atesta a imbecilidade de quem a diz e de quem a ouve e acredita.

Outra coisa que me faz esboçar, no mínimo, um sorriso é ver a direita e seus apoiantes a atacarem a esquerda e o funcionalismo público quando essas mesmas pessoas vivem do funcionalismo público. Ver alguém a defender a privatização de algo quando ela própria trabalha no público, com emprego garantido e a ganhar mais que no privado, é sempre uma coisa engraçada. Será que para se apoiar cegamente a direita envolve estar num estado de senilidade completo ou ser simplesmente burro? Estas pessoas que se atacam a elas próprias são umas das alegrias dos meus dias.

Melhor do que isto, só ver pessoas de "direita" a atacarem a "esquerda" quando foi graças a políticas de "esquerda" que chegaram ao onde chegaram e têm o emprego que têm.

Como se costuma dizer: pimenta no cú dos outros é refresco.

Agora, a verdadeira alegria, diria mesmo orgasmo intelectual, é ver uma única pessoa numa pequena argumentação, passar por estas fazes todas. Mas minto. Há uma coisa melhor: ver uma hoste de gente na mesma situação bater alegremente e euforicamente palmas ao primeiro. Isso é sim o verdadeiro orgasmo intelectual.

A única coisa que eu me pergunto é quanto intelectualmente embrutecido se tem de estar para não se perceber o ridículo em que se cai quando se fazem argumentos destes que atacam, em primeiro lugar, o argumentador?

Mas, pronto, vá. Não parem. Assim eu poupo imenso dinheiro em idas ao circo ou a espectáculos de stand-up comedy.


Receita para o Estado mas não para os consumidores?



Esta coisa da vinda do FMI e/ou FEEF sempre me fez muita confusão por muitos e variados motivos. O mais básico é o facto de estes senhores não virem cá ajudar ninguém a não ser eles próprios. Eles vêm cá com o único propósito de arrecadar mais uns milhões em juros. Os seus investidores assim o exigem e como estes investidores até estão com problemas de liquidez uns dinheiritos a mais até que dão jeito. 

Mas, juros à parte, o que mais surpreende nisto tudo é o facto de se vir sugerir que se salve uma divida fazendo outra. Repare-se que se anda (ou andou já que agora não se tem, misteriosamente, falado nisso) a chamar de burros às pessoas e famílias que contraem empréstimos para cobrir outros empréstimos. Não é a solução, diz-se. Não é incorrendo em mais dívida que se resolvem as coisas. A solução passa, primeiramente, por uma renegociação dos empréstimos. Faz lógica não é? Então expliquem-me uma coisa... Se faz sentido para nós, "estúpidos" cidadãos, porque não faz sentido para o Estado? Então chama-se "burro e estúpido" a quem faz um empréstimo para cobrir outro empréstimo e, ao Estado, propõe-se que faça um empréstimo para cobrir as suas dívidas? 

Será que sou eu que estou a perder um qualquer pormenor no meio disto tudo?

O que o país precisa


Portugal se quiser sair da situação em que se encontra precisa de fazer uma séria de mudanças quer a nível político, quer a nível sócio-cultural. Por ordem de prioridades, deixo aqui o que penso ser preciso para que se mude esta carcaça velha em que se tornou Portugal. Já agora acrescento que não guardo esperanças de que alguma coisa irá mudar.


1- Portugal precisa de se renovar socialmente. A sociedade civil tem de perceber que o seu destino está nas suas mãos e não nas mãos dos outros. Tem de haver mais empenho e participação dos portugueses na vida política, quer ao nível dos partidos, quer ao nível de movimentos cívicos e outras organizações. Não quero dizer com isto que se façam mais greves a torto e a direito e sempre pelos mesmos. Não quero dizer com isto que se venha para a rua fazer umas "festas" onde se insulta tudo e todos, de maneira por vezes vil, chamando-lhes "manifestações" e "protestos". Quero dizer com isto que tem de haver mais envolvimento nas decisões e posições de partidos. Eles só mudam as suas posições quando quem lá está dentro é forçado a mudar. Para isto é preciso que haja mais gente envolvida. A sociedade civil tem de fazer uso dos mecanismos legalmente previstos na constituição ou, então, fazer com que se criem outros que possam faltar.

Em suma, o cidadãos deste país têm de fazer uso a esse nome. Todos têm de deixar de dizer mal e passar a fazer algo. Chega de protestar e na altura devida nada fazer. Há que passar das palavras às acções, não em greves ou acções espontâneas mas todos os dias nas nossas acções diárias. A velha desculpa de "eu não falo de política porque não gosto e não me interessa" foi o que nos levou a esta situação e é o que nos mantém nela. Talvez seja altura de se ir para o café a discutir como fazer melhor que os políticos em vez de se ir a falar na novela, futebol ou no puro insulto a tudo e todos.


2- Tem de haver uma racionalização da educação em Portugal. Tem de chegar ao fim a "escola depósito" de crianças e jovens. A escola tem de ensinar e tem de ensinar aquilo que precisa de ser ensinado doa a quem doer. Quem não gosta ou não é capaz, que se retire e dê lugar a quem sabe e quer fazer o que tem de ser feito. No seguimento disto, temos de levar para as escolas aqueles que são capazes para dar aulas e tirar os que lá estão porque não arranjaram nada melhor para fazer ou porque tiraram um curso que só serve para aquilo mas que não é a sua vocação profissional. Tem de se dar aos alunos que querem aprender as condições para o fazer e tirar da escola os que não querem. Esses últimos que se desenrasquem da forma que quiserem e acharem mas conveniente (e se optarem pelo crime, temos de dar meios a quem de direito para os levar à Justiça e pô-los atrás das grades) mas, se não querem estudar, não podem prejudicar quem quer. 

O Ensino Superior tem de ser forçado a redireccionar o seu trabalho para servir o país, a sociedade civil e a economia e não quem lá trabalha. Os professores do Ensino Superior têm de deixar de usar as instituições públicas onde leccionam para a auto-promoção ou como refúgio profissional. Também aqui é preciso trazer os melhores e/ou os mais capazes e não falo apenas na média com que terminam o curso mas sim com um percurso profissional que os habilite a proporcionar a melhor transmissão de conhecimentos face à realidade da área em questão. Não podemos ter professores a dar aulas hoje como as davam há 25 anos atrás, pois o mundo muda todos os dias e é preciso que haja uma adaptação constante aos novos factos científicos e sociais. Não podemos ter apenas, num ensino profissionalizante, teóricos e académicos que nunca saíram da sua sala de aula ou do seu laboratório. Tem que haver complementaridade entre os dois por forma a que os alunos não saiam de lá enciclopédias de carne ou meros papagaios.  


3- O mundo empresarial tem de mudar apoiando-se, entre outras coisas, nos dois pontos anteriores (aposta numa verdadeira qualificação dos trabalhadores e numa autonomia face ao poder "paternal" do Estado). Os portugueses têm de ser mais audazes no seu mundo profissional. Os portugueses têm de deixar para trás a ideia de arranjar um trabalho para a vida a trabalhar para outro. Tem de haver empreendedorismo (esta bonita palavra de que tantos falam mas que poucos fazem) da parte dos trabalhadores. Mas porque não havemos de ter todos em mente, um dia, termos a nossa própria empresa, fundando-a ou querendo chegar à direcção de uma grande empresa já existente? Tem de acabar a ideia de se apontar para os quadros médios e mediocridade como objectivo final profissional. 

Os empresários actuais têm também de aprender a inovar e a gerirem as suas empresas, não como a mercearia da esquina, mas sim como uma entidade económica capaz de crescer nos tempos bons e de se aguentar nos tempos maus. Não se pode continuar com a ideia de que a empresa é para dar lucro amanhã para se poder construir uma vivenda. Os empresários e gestores têm também de mudar o paradigma de remuneração dos seus funcionários, não querendo que estes trabalhem no seu melhor pelo menor preço possível. Os salários e remunerações têm de reflectir o valor real do trabalho de cada um. Também tem de acabar a ideia do "trabalho" não qualificado barato como escolha preferencial para os quadros das empresas. Tem de se apostar na formação dando-a aos que já lá estão e indo buscar quem a tem. A questão experiência/formação tem de estar no cerne da decisão de quem se contrata e não o valor do salário. 


4- O Estado tem de ser redefinido. Tem que se decidir para que é que se quer o Estado e o qual o seu papel na sociedade portuguesa. Estado mínimo ou Estado Social? É importante definir isto tudo e depois fazer as mudanças e ajustes necessários, com coragem e doa a quem doer sem se ficar refém dos interesses individuais seja de quem for. O Estado tem de saber qual a sua missão e fazê-la da maneira mais eficaz. Para isto precisa de ir buscar os melhores e não os amigos. Precisa de ter capacidade de renovação de quadros por forma a se tirar quem nada faz e trazer quem faz. Sobretudo, o Estado, tem que remunerar os seus funcionários de acordo com o valor do seu trabalho e não a chapa sete, tratando bons e maus da mesma maneira. 


5- A sociedade portuguesa tem de se habituar a conviver bem com o mérito pessoal/profissional dos seus indivíduos. Há premiar e valorizar o mérito e não as amizades ou conveniências pessoais. O paradigma social do supérfluo e conveniências tem de acabar. A cunha tem de ser criminalizada do ponto de vista social, nem falo do ponto de vista legal. A idade tem de deixar de ser um posto por ela própria. Certo que, geralmente e por uma razão de lógica (embora, por vezes, ela seja uma batata), a idade trás experiência mas experiência sem conhecimento para a usar bem de nada serve. A sociedade do mérito tem de ser o objectivo final e tem de se dar (ponto 2) a possibilidade de todos poderem ter mérito em alguma coisa. Sobretudo, há que parar os típicos actos de sabotagem do mérito. A mesquinhez de, quando não se consegue dizer/fazer melhor que alguém, se atacar o carácter da pessoa tem de acabar. As pessoas têm de ganhar uma coisa muito importante: respeito, a começar pelo respeito por elas próprias.

Estado arrecada só 23% da receita prevista nas SCUT



Estado arrecada só 23% da receita prevista nas SCUT - JN

Esta notícia do JN, só pelo seu título, já dá vontade de rir. Quando se fazem autoestradas a ligar aldeias é o que dá.

Nota de edição: E mais um que o blogger se "esqueceu" de publicar. 

Passos anda a marcar passo



Gostei de ouvir Passos Coelho a exigir que se faça um auditoria às contas públicas Portuguesas. De facto, precisamos de saber mesmo quanto devemos para podermos saber como agir no futuro. No entanto, Passos Coelho, mais uma vez, não sabe bem em que buraco se está a meter e fala só do que lhe interessa falar. 

Uma auditoria às contas públicas não se pode ficar pelos anos do PS de Sócrates. Uma auditoria às contas públicas tem que ir até aos governos de Cavaco Silva. Seria muito interessante ver exactamente quanto receberam os governos de Cavaco da UE (então CEE) e quanto, quando e onde foram usados. Seria também interessante ver como é que, com tanto dinheiro a entrar no país se consegue ter deficits como os que Cavaco teve.

Seria interessante saber exactamente quanto nos custou a inercia do Guterrismo e onde se espetaram os fundos da UE que também recebemos nesse tempo. Também era importante saber o que se gastou e onde para se ter acabado o ciclo de Guterres com uma quebra do limite do deficit de 3%.

Verdadeiramente interessante seria saber que contas andou Manuela Ferreira Leite a fazer para ter vendido tudo que era do Estado (de todos nós, portanto), ter cortado em todo o lado e aumentado os impostos e mesmo assim ter acabado com um deficit superior aquele que encontrou quando chegou ao governo.

Isto são tudo coisas interessantes que Passos Coelho não refere, preferindo entrar na demagogia de achar que os males do país começaram e acabarão com Sócrates. Passos esquece-se que não é nenhum messias e que é líder de um partido que também esteve no governo. Pior ainda, é líder do único partido que teve um líder no cargo de Primeiro-Ministro e que o abandonou por um cargo internacional deixando o país numa situação tão má como a de hoje com a diferença que o mundo na altura ainda não tinha acordado para a realidade das trafulhices do sistema financeiro mundial. 

O que teria Passos para dizer se se provasse, como penso que se provaria, que o mal de Portugal não é só de Sócrates mas sim de todos os que lá estiveram antes? E se se provasse que o actual Presidente da República foi o homem que verdadeiramente hipotecou o futuro do país desbaratando as finanças públicas com obras inúteis e megalómanas para um país sem economia para as manter?

Como penso que não teria nada de bom para dizer a não ser mais aldrabices, tais como aquelas que Sócrates professa, tenho que chegar à conclusão que Passos está a fazer jogo político e a empurrar as culpas para onde pode para ver se se livra da encrencada que nos meteu a todos.

Não bastava termos um Presidente que, enquanto chefe de governo, nunca se enganava e raramente tinha dúvidas, um Primeiro-Ministro que só se mete em trapalhadas (para não dizer pior), um antigo Primeiro-Ministro que foge a meio do mandato, ainda temos de ter agora um candidato a Primeiro-Ministro que se inspira em Manuel Alegre e nos vem com lirismos.

Nota de edição: Por alguma razão este post não foi publicado embora estivesse devidamente agendado para dia 14 de Abril. Como só agora reparei nisso, só agora é que pude publica-lo. As desculpas pelo post descontextualizado (ou não) da sua devida data.

Jornalista confuso ou FMI enganado?



FMI quer que casas fiquem mais caras - Economia - DN

Antes de falar do conteúdo da notícia vou falar da forma dela. Este título e o conteúdo da notícia é um exemplo do mau jornalismo que se faz em Portugal. Repare-se que o título é o que é mas algures no meio do texto da mesma pode-se ler "O Fundo Monetário Internacional (FMI) e a União Europeia (UE) vão propor alterações ao mercado da habitação em Portugal, substituindo o conceito de casa própria pelo arrendamento" e mais à frente ainda se pode ler também "Os peritos, Governo incluído, argumentam que os preços têm margem para subir - há muitas rendas que não reflectem o real valor das casas, o mercado está desvalorizado e as famílias estão demasiado endividadas e amarradas à prestação da casa."

Ora bem, ponto número um. Afinal o título é enganador porque o jornalista dá a entender que se está a falar no valor das casas para venda quando, na realidade, se está a falar do valor das rendas. Depois não percebo bem se é o jornalista que não sabe o que escreve se é o governo e FMI que não sabem o que dizem e, de tal forma confundiram o jornalista que este dá o dito por não dito numa trapalhada de texto.

Então começa com o título a dar a entender que se quer subir o valor das casas para venda. Depois já se está a falar é do mercado de arrendamento e finalmente percebemos que a solução para dinamizar o mercado de arrendamento é subir as rendas que, já por elas são, em muitos casos, excessivas. No final fiquei confuso e tive que voltar a reler tudo para tentar fazer algum sentido disto.

A conclusão a que chego é que o FMI se está a enganar no mapa e julga que está a ajudar Espanha. Então os senhores propõem um aumento das rendas como meio para dinamizar o mercado? Mas que rendas querem eles subir? As de 300 a 600€ que são pagas pela classe média, a qual já está a pagar um valor semelhante para uma prestação da casa e está, portanto, fora do mercado de arrendamento? Ou será que querem subir estas rendas para tornar os empréstimos bancários mais atractivos? Já agora, estes senhores sabem qual é o rendimento médio de uma família da classe média? E se não estão a falar destas, as quais já estão com preços justos, querem subir quais? As inferiores a 200€ ou será que estão a falar daquelas de 10 a 100€ pagas por pensionistas que ganham 200€ ou menos de reforma?

Já agora, expliquem-me como se eu tivesse trocado o Ensino Superior por um curso Novas Oportunidades, em que é que o mercado de arrendamento vai permitir uma melhoria das condições económicas ou até vai ter impacto nas contas públicas, especialmente tendo em conta que o que se dá a entender é que se querem subir as rendas? Sinceramente não percebo. Tendo em conta que o intuito não é claramente levar as pessoas a comprar casa, não percebo como subir as rendas vai incentivar as pessoas a procurarem arrendar casa. É que se fosse eu, entre arrendar por 500€ uma casa, se calhar optava por comprar e pagar algo semelhante por algo que no final será meu.

Assim sendo, volto à dúvida original. Será que não ensinaram ao jornalista como escrever uma notícia ou será que são estes senhores do FMI que se enganaram no país? Ou é uma ou outra ou, se calhar, sofrem ambos de um embrutecimento intelectual para dizerem esta quantidade de disparates.

O país sem solução

 
Portugal é um país sem solução. É um país que, nas próximas décadas, estará perdido. Não há salvação que valha a estes cerca de 92 mil quilómetros quadrados.

Repare-se que os políticos, que também são portugueses, educados pelos mesmos professores e nas mesmas escolas, com a mesma história, com a mesma língua (talvez com o acordo ortográfico isso mude), não podem fazer melhor que os outros portugueses. As famílias, os empresários, ricos e pobres, todos se endividaram como se estivéssemos a viver à custa de ouro vindo do Brasil ou das especiarias da Índia. 

As famílias não sabem gerir os seus orçamentos e espetam dinheiro naquilo que não precisam mas que fica bem mostrar ao vizinho. Os empresários esperam todos ter o máximo de lucro, o mais cedo possível e pagando o menos possível, de preferência até terem alguém a trabalhar de graça. Investem nas coisas mais fúteis do ponto de vista económico e são incapazes de pensarem a nível global. Vêem apenas a sua aldeia, cidade quando muito. Poucos são aqueles que investem cá para vender lá fora e os que fazem, fazem-no muitas vezes porque há subsídios daqui e dali.

Em Portugal, não são poucos os casos das famílias que compram telemóveis, home cinemas, computadores portáteis, etc... em detrimento do que lhes é essencial: comida, bebida, água e luz. Os empresários pegam no dinheiro das empresas e espetam-no a comprarem vivendas e carros para eles.

Com esta atitude verdadeiramente nacional pode alguém achar que os políticos que são fruto desta maneira de estar na vida fazer diferente? É óbvio que não. Assim sendo, em vez de se culparem os políticos por serem como são, devem antes os portugueses alterar os seus hábitos de vida. Talvez assim ainda haja solução para este patético país.

Vozes discordantes...

retirado do Correntes

É bom que existam vozes como estas. É bom mas, infelizmente, teriam de haver mais e em mais partidos pois o PS não é caso único deste género de coisas. O PSD e CDS são também peritos nisto. Veja-se bem que no CDS, o qual se assemelha cada vez mais ao PCP, o líder torna-se quase histórico mesmo depois das negociatas todas que fez quando esteve no governo.

Serão precisas muitas mais vozes DENTRO dos partidos para que as coisas mudem e se corram com estes oportunistas que por lá andam agora. Mas isso é responsabilidade do povo e como assim é, estou convencido que as coisas não mudarão tão cedo pois o povo português não largará a novela e o futebol para ir para a política.


A isto chama-se coerência!


Estas coisas são bonitas, não?

Boaventura de Sousa Santos acusa PSD de "irresponsabilidade política"


Sociólogo acusa PSD de "irresponsabilidade política" - Portugal - DN

Os bons, aqueles que têm provas dada com o SEU trabalho e não me tem na política, curiosamente, dizem todos o mesmo. Eles dizem comigo, ou então, eu digo com eles.

Nobre dá um pulo...

Fernando Nobre, ex-candidato à Presidência da República, antigo mandatário nacional do Bloco de Esquerda e antigo membro da Comissão Politica da candidatura de Mário Soares à Presidência da República dá agora um saltinho para o PSD nas próxima eleições legislativas.

O percurso de quem em Portugal se dedica à política é sempre um exercício curioso. Fica-se sem saber se eles não acreditam em nada e, por isso mesmo, têm o luxo de andar metido com todos ou se, por ventura, se vendem por quem lhes parece que tenha mais hipóteses de lhes dar um lugarzito em algum lado. Repare-se que, no caso de Fernando Nobre, não só o senhor passa da esquerda para a direita como fosse a coisa mais natural do mundo, justificando-se que todos têm a liberdade de tomarem as suas decisões políticas mas que era o PSD que lhe oferecia melhores condições... Pois, ainda nem sequer houve eleições, o senhor ainda nem sequer foi eleito para seja o que for e já se diz que ele tem "perfil" para Presidente da Assembleia da República. 

O que se consegue com isto? Em primeiro lugar, consegue ver que o PSD não mudou e continua a ser o partido daqueles que em nada acreditam a não ser no seu próprio bolso. Um partido sem rumo e sem ideologia. Chama-se Social Democrata mas é uma ofensa a tal conceito já que de Democrata tem pouco e Social não tem nada (arrisco dizer que nunca teve). 

Desta feita, não admira que Nobre tenha ido lá parar. Ele é em tudo semelhante. Associa-se ao Socialismo de Soares passando depois para um partido (BE) com uma ideologia radical (do ponto de vista do PS) e quase oposta aquela que Soares defende[ia]. Termina agora à direita e quase contradizendo o que o levou a candidatar-se à Presidência.

Conclusão, descobrimos com isto que Fernando Nobre é um salta pocinhas, talvez mesmo oportunista (não se será exagero chamar-lhe isso pois depende da opinião que se tenha da restante classe política). Com gente assim na política, gente que age de acordo com o seu interesse e não por convicções, não chegaremos a lado nenhum. 

Por último, esta notícia do DN, mostra ainda mais uma faceta do carácter (ou falta dele) que este senhor nos apresenta. Depois de ter feito a sua gincana política mostra que é incapaz de lidar com a critica legitima de um povo que está farto de aturar estas atitudes reprováveis.

Noticia para quem queria cá o FMI



Esta noticia do DN é uma boa nova para os funcionário públicos que achavam que o FMI lhes vinha devolver os salários!

Ordem para despedir na Função Pública

Depois não digam que não tinha avisado. E isto é só o começo e o FMI, ou o seu disfarce de FEEF, ainda nem chegou. Preparem-se todos para um rol de boas novas. Eu bem dizia que a alegria de tirar de lá Sócrates seria de pouca dura.

Regionalização: As verdades

Imagem retirada da Wikipedia

A propósito de um post d'O Jumento onde se fala da regionalização achei apropriado trazer à luz da ribalta algumas verdades sobre este assunto.

Os que são contra dizem que Portugal é pequeno, é mesmo dos mais pequenos da Europa. Bem, quem diz isto não olha para as estatísticas ou, então, está a mentir para defender interesses próprios, nomeadamente os de Lisboa que fica horrorizada só de saber que terá que dar dinheiro para que Trás-os-Montes ou Beira Interior tenham recursos para se desenvolver. 
Repare-se nos dados seguintes.

Na União Europeia temos 27 países. Desses 27 países, Portugal ocupa o 13º lugar em termos de área e o 9º em termos de população (dados retirados do Eurostat referentes a 2010). Ou seja, em área estamos acima do meio da tabela com 14 países mais pequenos e em população estamos mesmo nos 10 primeiros. Como alguém teria dito "e esta, hein?!"

Se olharmos para aqueles que estão perto de nós em área e população reparamos que aqueles que são ricos estão regionalizados de uma forma ou de outra. Holanda, Bélgica, Áustria, Suíça (fora da UE) e mesmo a Dinamarca estão todos regionalizados. Destes, Portugal é o maior de todos em área e em população só a Holanda é maior. A Bélgica, Áustria e Suíça não só estão regionalizados como são mesmo federações ou confederação no caso da Suíça. A Dinamarca é aquele que está apenas regionalizado e isto apenas desde 2007 pois até aí a Dinamarca estava divida em condados os quais podiam cobrar impostos. 

Note-se também que destes, Holanda, Dinamarca e Suíça são pouco maiores que o Alentejo, chegando a Bélgica a ser mesmo mais pequena em área. Isto é, em dimensão territorial Portugal é duas vezes maior do que qualquer um deles. Apenas a Áustria se mantém mais ou menos ao mesmo nível em área territorial. 

 Imagem retirada daqui
Fora destes fica a Irlanda a qual não está regionalizada mas note-se que a Irlanda tem menos de 4,5 milhões de habitantes numa área ligeiramente mais pequena que Portugal. Ficamos então com um caso contrário de um país que se desenvolveu sem estar regionalizado mas note-se que a Irlanda, por tradição, não sofre do centralismo desmesurado que se verifica em Portugal.

Depois temos ainda a Grécia (sensivelmente igual em população e área a Portugal) que, não estando regionalizada, está, curiosamente, na mesma situação que Portugal. Mostra-se incapaz de ter uma economia em franco crescimento, deficits altíssimos e uma situação financeira crítica. 

Em qualquer um dos países regionalizados também se verifica uma maior equidade nacional em termos de desenvolvimento do que se vê em Portugal ou Grécia. Em ambos, a capital assume um papel excessivamente preponderante face ao resto do país, possuindo um rendimento ao nível das zonas mais ricas da Europa enquanto que o resto dos seus países encontram-se nas regiões mais pobres dessa mesma Europa.

Então temos países administrativamente divididos e/ou com um sistema de Welfare State (Estado Social) bem estabelecido os quais conseguiram ter um nível de qualidade de vida muito alto e taxas de crescimento económico capazes de pôr o país a andar para a frente. Temos um outro país que, embora não se tendo regionalizado, não assumiu um modelo de desenvolvimento centralista, apostando noutro tipo de investimentos.

Por outro lado, temos dois países, Portugal e Grécia, que apostaram em modelos de desenvolvimento centralistas. Ambos foram incapazes de acompanhar o resto da Europa e, neste momento, estão com problemas de coesão nacional com uma região a usar os recursos do resto do país para o seu crescimento enquanto que o restante território empobrece. Ambos estão a braços com uma crise económica sem precedentes na história recente com problemas de natureza financeira à mistura. Ambos tiveram de pedir empréstimos para pagar as suas dívidas.

Sem ser do ponto de vista económico, do ponto de vista cultural, muitos argumentam sobre aquela coisa de Portugal ser uma nação única e indivisível em todos os seus momentos da história. Se assim fosse, deveríamos ter uma país mais ou menos homogéneo linguística e culturalmente falando (isto até porque quem diz isto, geralmente, diz que o país é pequeno). Bem do ponto de vista da língua, num país tão pequenos temos duas línguas, Português e Mirandês. Temos ainda, dentro da primeira uma diversidade tal de sotaques e palavras típicas das regiões que até mete medo para um país que se diz "pequeno". Vos garanto que eu vou a Lisboa e, se quiser, falo português e ninguém me entende. Quem experimentar por um transmontano a falar com um algarvio como ambos falam normalmente e com os regionalismos de cada um, ambos terão mais facilidade em perceber um Espanhol a falar Castelhano. Culturalmente, os costumes do Norte não são os da gente do Sul e mesmo a maneira de estar na vida é bem diferente das gentes do Norte, Centro, Alentejo e Algarve.


Peneda Gerês retirado da Wikipedia 

Isto prende-se, para quem lê história e não fala do pé para mão, com o desenvolvimento do país que foi um aglomerar de regiões com povos diferentes. Até a história de sermos Lusitanos é uma grande aldrabice. Primeiro porque a Lusitânia compreende apenas uma região e povo situado a norte do Tejo e a sul do Douro. Só mais tarde é que as tribos Galegas (Gallaeci - romanização do grego Kallaikói) adoptaram para si o nome de Lusitanos como termo denominador de todos os povos na Península que lutavam contra os Romanos. Aliás, Viriato é herói Português mas também Espanhol...


 Imagem retirada da Wikipedia

O conceito de nação, algo que se quer convencer as pessoas que sempre existiu, é relativamente recente do ponto de vista histórico. Não nos vamos esquecer que, os Reinos eram as terras do Rei e não nação coisa nenhuma.
Assim sendo, e embora o post não seja perfeitamente neutro, não vou dizer se se deve ou não regionalizar o país mais do que deixei implícito. Deixo a liberdade aos leitores para tirarem as suas próprias conclusões face a tudo o que apresentei. 

As melhores decisões são aquelas que tomamos quando desconstruirmos aquilo que nos querem impingir, geralmente, com segunda intenções e construímos as nossas próprias ideias e valores. Em vez de aprender aquilo que se houve e lê cegamente deve-se usar os factos para fazermos nós a nossa própria aprendizagem pessoal em vez de assimilarmos apenas informações, ideias e valores em segunda mão. Foi isso que tentei fazer com este post, contribuir (não se forma exaustiva) para o esclarecimento sobre esta temática que tanta demagogia e mentira faz por aí circular por quem apenas pensa nos seus próprios interesses.

Fontes:

Eurostat
Wikipedia

Os Pobres querem viver como Ricos.

 
Ontem, no Jornal da Tarde da RTP1, passou uma reportagem sobre as dificuldades de algumas famílias da classe média. Deu-se como exemplo a família Paiva, se não estou em erro no nome. Também, se não ouvi mal, os rendimentos daquela família rondam os 900€. Disse a jornalista que só com despesas da prestação da casa era 800€. Mas os valores em causa são secundários. A questão que eu quero focar aqui é a maneira como as pessoas gastam o dinheiro e depois queixam-se que passam dificuldades.

Bem, reparei eu que a dita família, que se encontra em dificuldades tinha uma box qualquer de televisão por cabo, o filho tinha um telemóvel não propriamente daqueles baratos... Quer dizer... Quem passa por dificuldades tem de saber gerir o seu orçamento e saber o que é ou não importante. 

Eu não quero tecer comentários específicos sobre esta família em particular mas sim, com isto, extrapolar para o que se passa no país. As pessoas gastam em coisas supérfluas e não largam os vícios nem quando estão com problemas. Isto prende-se com a eterna questão dos portugueses adorarem mostrar aos vizinhos que são melhores que eles. Internet, telemóvel, televisão, todas estas coisas são acessórios e só os tem quem pode e não quem quer. Não me venham com a história de que não se vive sem Internet ou telemóvel. Conheço muita gente que vive sem o primeiro e quanto ao segundo, meus amigos, eu tenho 28 anos e durante, pelo menos, metade deles vivi sem isso. Há quem tenha vivido mais tempo sem esses aparelhos. Nunca se deixou nada por fazer por se abdicar disto. Televisão? Comprem um livro que vos dá para mais tempo e é bem mais interessante do que a palhaçada que hoje passam nos nossos canais.

Enquanto as pessoas não souberem viver de acordo com os seus rendimentos e necessidades teremos casos destes. Passam dificuldades mas não abdicam do que é inútil. Já o disse antes mas estes casos trazem-me sempre à memória o caso da outra que se queixava que não tinha comida para os filhos e que estava sem dinheiro mas, note-se bem, dizia isto através do MSN Messenger. Não tinha para comida mas tinha para a porcaria da Internet.

Conclusão, com um povo assim, espera-se que os políticos façam diferente? Obviamente que não. Talvez fosse boa altura para povo e governo perceberem o significado de "quem não tem dinheiro não tem vícios". Enquanto formos pobres a viver como ricos andaremos sempre no mesmo. Pena tenho é que este post não diga absolutamente nada de novo e, perante o estado que estamos, ainda se consiga ter motivo para repetir esta lengalenga.

Passos "preferiria mil vezes mexer na estrutura do IVA a cortar pensões" - JN



Passos "preferiria mil vezes mexer na estrutura do IVA a cortar pensões" - JN

"Eu preferiria mil vezes - é que nem tenho nenhuma hesitação - em mexer na estrutura do IVA a ter que cortar pensões e reformas. O Governo tomou uma opção inversa"

Por uma questão de coerência, Passos Coelho, teria de dizer a seguir que iria ia reverter as medidas do governo. Não o disse e não o fará por certo. É que Passos esquece-se de dizer que agora vai mexer no IVA porque já não pode mexer em mais nada. Ele e Sócrates já chuparam o que tinham a chupar nos outros impostos e salários. Mexer mais era verem-se a braços com uma revolta social e isso, antes de eleições, é tudo o que não se pode fazer.

Já agora, gostei de ouvir Passos Coelho que vai tornar públicas as nomeações de titulares de cargos públicos. Tal como, por exemplo, a regionalização e a reforma da administração pública, esta coisa dos titulares de cargos públicos é algo que já ouço falar, se não estou em erro, desde António Guterres.

Também não deixou de ser hilariante ouvi-lo dizer que os membros do governo e tal e coisa, têm de se habituar a andar de transportes públicos... Diz isto o homem que, depois de uma reunião partidária tem carro topo de gama com motorista à sua espera... Se ele, sem ser governo, não consegue fazer isso, acha-se mesmo capaz de o fazer como Primeiro-Ministro?

Cansaço...


Ultimamente ando cansado. Cansado de muita coisa.

Cansado de ouvir tanta barbaridade de políticos, comentadores, jornalistas, sindicalistas, economistas, etc... tal e coisa. Cansado de ouvir a direita a chamar pelo FMI, ingenuamente acreditando que isso resolverá um problema que seja de Portugal. Cansado de ouvir a esquerda a pedir, igualmente ingenuamente, por um Estado Social que dê apoios a tudo e todos e onde tudo seja, preferencialmente, de graça. Cansado de ouvir conversas de futebol e da novela no autocarro como se aquilo fosse o assunto mais importante do  mundo. Cansado de ouvir, poucas vezes que são, mentecaptos a insultar tudo o que seja político e politica notando-se, contudo, que não percebem nada do assunto (tipo aquela senhora que, quando questionada sobre se era a favor ou contra a regionalização disse que era contra mas, depois, quando questionada sobre o porquê dessa decisão disse e cito "Ah! Não sei! Eu não percebo nada disso!"). Cansado de ouvir pobres, mas não incapazes, a pedirem para apoios para estarem em casa. Cansado de ver pedintes na rua com bom corpinho para irem trabalhar. Cansado de saber de pobres que vivem como ricos e de ricos que se acham donos do mundo. Cansado de ouvir quem ganha acima de 2000€ dizer que a vida está muito má.

Ando mesmo cansado disto... Disto e mais! Mas, resumindo, estou cansado de um país onde, na generalidade, do político governante ao zé ali da esquina, só se abre a boca para dizer merda.