Recentemente, o Papa Francisco, num acto de coragem e que eu aprecio, pediu desculpa a gays, "aos pobres, às mulheres abusadas, às crianças exploradas pelo trabalho e por ter abençoado tantas armas”. Foi um acto, como muitos outros a que este Papa nos tem habituado, que vai contra a prática da Igreja e de uma grande parte dos seus fieis.
Contudo, eu, pessoalmente, não posso aceitar o pedido de desculpas. Não o posso aceitar enquanto o pedido não for igualmente seguido pela Igreja e os seus ensinamentos. Enquanto houverem LGBTs a morrerem em países Católicos por esse mundo fora e a Igreja for complacente com isso. Enquanto houverem membros da hierarquia da Igreja que publicamente defendem a homossexualidade como pecado e propagandeiam isso. Enquanto a Igreja não denunciar esses ensinamentos e os parar. Enquanto ela não começar a reverter toda a perversidade que andou e anda a espalhar. Enquanto a Igreja não decidir ser a mensagem e o espelho de Cristo, Enquanto houver um LGBT a ser discriminado, perseguido, renegado por causa do que a Igreja diz e faz, Enquanto isso acontecer, este pedido é vazio e não posso, em boa consciência, aceitar a hipócrisia que ele representa.
Reconheço o passo que o Papa dá. Reconheço a sua vontade, pelo menos pública, de mudar. Infelizmente ele é só um e não pode falar por todos. Enquanto as palavras dele não forem os actos da Igreja Católica, o pedido de desculpas de pouco vale.
Como se costuma dizer, de palavras e boas intenções está o inferno cheio.