Já aqui e aqui tinha falado sobre o oportunismo político que aí vinha por parte do PSD. Hoje vem mais uma notícia que mostra bem o quanto o PSD anda a fazer jogada política quando devia andar a trabalhar para evitar que as coisas fiquem pior do que o que já estão.
Infelizmente, o PSD tornou-se, desde Cavaco, num partido de oportunistas e oportunismo políticos. Mais do que em qualquer outro partido, este trabalha, quase em exclusivo, para manter os seus nos cargos de poder. O facto de estarem fora dos círculos governativos desde que Cavaco despedaçou o partido e país não ajuda. Volvidos estes anos todos fora do poder, apenas com a triste passagem por lá com Durão Barroso e Ferreira Leite com um empurrão de Paulo Portas, algo que muitos fazem por fazer esquecer (não nos esqueçamos nós que foi por causa de Durão Barroso que Sócrates lá chegou), o PSD sofre dos efeitos secundários de quem anda há muito em abstinência. Sofre tanto que nem percebem o que andam a fazer e só mesmo com um eleitorado que prefere futebol e telenovelas ao futuro do país é que ainda conseguem ter os votos que têm.
Repare-se que o PSD fala que o governo PS de Sócrates está pelas ruas da amargura. Diz que o país está nas ruas da amargura por causa de Sócrates. Diz que o país precisa de um novo rumo. No entanto e "surpreendentemente", nos momentos que pode mudar as coisas, o PSD votou ao lado do PS. Negociou isto e aquilo com PS mesmo dizendo que era um mau negócio para o país. Não se percebe bem, então, porque se assina um acordo quando se sabe que ele é mau. Ou então percebe-se muito bem.
O PSD sabe que não é alternativa ao seu congénere rosa de Sócrates. O PSD, caso fosse governo, estaria a fazer o mesmo, ou pior, que o PS. Por isso vota ao lado do PS. Mas, mesmo não sendo diferente, não quer ele ser governo? Pois claro. Obviamente que sim. Contudo é bem mais fácil votar ao lado do inimigo e deixa-lo levar as culpas de tudo que corre mal do que ganhar cojones e fazer eles o trabalho "sujo".
Agora que a parte "mais feia" da austeridade já foi feita pelo PS, agora que Cavaco já foi releeito (com a promessa de ser mais interventivo e, sem surpresas, anda calado), então agora sim já se pode ser governo. Todavia, pela mão do BE é que não. Não importa recordar o passado de extrema-esquerda de alguns dos seus antigos líderes. Mais vale pela mão do PCP ou, de preferência, com uma moção própria.
Enquanto o PSD aproveita-se de um eleitorado cego e intelectualmente embrutecido, lixa-se o país e lixam-se aqueles que, com olhos que Deus Nosso Senhor nos deu, insistem em usá-los para ver a tristeza que se tornou a política em Portugal.