De volta, por momentos...

Desde há muito que aqui não venho, que aqui não passo sequer os olhos. A falta de vontade de aqui vir não se prende com vergonha do que aqui disse ou de desprezo por este meu espaço e por quem aqui veio. Precisei e preciso de interlúdio disto. Havia e há coisas que me prendem mais do que vir aqui. Há alturas na vida em que temos que pensar e tal implica afastamento. Infelizmente, com a carrada de problemas que o país tem, neste momento, é-me impossivel distanciar desta cruel realidade.

Assim sendo, volto aqui para umas breves considerações. 

Quem se der ao trabalho de reler o que antes aqui disse, poderá constatar que, a errar, não falhei por muito. Avisei que uma mudança de governo, por muito que fosse necessária, viria na altura errada e, a mudar de Sócrates para Coelho, iria ficar tudo na mesma ou pior. O resultado está à vista. Quem tiver olhos na cara tirará as devidas conclusões.

Os professores estão melhor agora do que estavam com Sócrates? Não me parece. O país está melhor hoje do que com Sócrates? Também não. Conclusão, valeu a pena trocar um trauliteiro por outro do género? Não respondo. Parece-me óbvia a resposta.

Também aqui disse que a subida de impostos não iria resolver os problemas. Disse, várias vezes, que a subida de impostos iria levar apenas a mais impostos pois, numa economia que não cresce, taxar os rendimentos e actividade económica para a mão de uma instituição apenas leva a menos crescimento. Hoje vivemos a realidade do que eu tinha previsto. 

Depois de um primeiro aumento de impostos, seguiu-se um retrocesso económico. A solução do governo: repetir a receita, ou seja, novo aumento de impostos. Hoje volta-se a repetir o mesmo. Esta semana ouvimos o Primeiro-Ministro e Ministro das Finanças a fazerem de todos os cidadãos desta República asnos. Como o déficit não foi cumprido porque a economia andou para trás, vai-se aumentar de novo os impostos justificando que serão estas medidas que iriam trazer crescimento económico. Qualquer mentecapto com dois neurónios comunicantes entre si consegue perceber que repetir a mesma coisa vezes sem conta, certamente, não irá trazer resultados diferentes.

E podia continuar nesta veborreia durante o resto do dia e o posto ainda não teria acabado. Que quero então eu dizer? Que fui um visionário? Não, até porque se fui, não fui exclusivo pois qualquer pessoa séria com dois dedos de inteligência conseguia prever isto. Quem se deixou levar pela cegueira de um ódio a um certo senhor, arrastou o país de uma situação financeira grave para uma catástrofe económica como já não havia memória. Não fui o único a avisar. Houve mais. Fomos poucos. Poucos e claramente abafados e incompreendidos.

Hoje, o país acorda para a realidade. Hoje os votantes e abstencionistas são confrontados com a dura realidade das suas decisões. A culpa de estarmos onde estamos não é deste governo. Não é sequer do governo de Sócrates como ainda ouço falar. A culpa de estarmos onde estamos é da sociedade portuguesa que anda a dormir e que vota em toda a merda que lhe aparece pela frente.

Agora que luz ilumida a cegueira de muitos, agora que se vislumbra uma quebra da apatia e letargia social espera-se também que se tenha aprendido com os erros do passado. Espera-se que, como na Islândia, por exemplo, se exija responsabilidade a quem governa e a quem se propõe governar. Espera-se também que, na hora voto, não se vá trocar um Coelho por um Seguro pois será mais do mesmo. Espera-se, sobretudo, que não se tomem mais decisões sem o uso da consciência e razão das quais temos uso fruto (sem imposto).

Ao acordar, espero eu, que os membros da sociedade desta República não escolham viver noutro pesadelo.

2 comments:

Anabela Magalhães said...

Tens razão. Infelizmente para todos, tens razão.
Beijinhos! Bom teres voltado aqui. :)

Elenáro said...

Olá Anabela,

Infelizmente mesmo. Era daquelas coisas que não me importaria de me ter enganado.

É só um retorno temporário. ;) Não se se tão cedo publico algo.

Bjnhs.