O Papa pede desculpa. Não, obrigado.

Recentemente, o Papa Francisco, num acto de coragem e que eu aprecio, pediu desculpa a gays, "aos pobres, às mulheres abusadas, às crianças exploradas pelo trabalho e por ter abençoado tantas armas”. Foi um acto, como muitos outros a que este Papa nos tem habituado, que vai contra a prática da Igreja e de uma grande parte dos seus fieis.

Contudo, eu, pessoalmente, não posso aceitar o pedido de desculpas. Não o posso aceitar enquanto o pedido não for igualmente seguido pela Igreja e os seus ensinamentos. Enquanto houverem LGBTs a morrerem em países Católicos por esse mundo fora e a Igreja for complacente com isso. Enquanto houverem membros da hierarquia da Igreja que publicamente defendem a homossexualidade como pecado e propagandeiam isso. Enquanto a Igreja não denunciar esses ensinamentos e os parar. Enquanto ela não começar a reverter toda a perversidade que andou e anda a espalhar. Enquanto a Igreja não decidir ser a mensagem e o espelho de Cristo, Enquanto houver um LGBT a ser discriminado, perseguido, renegado por causa do que a Igreja diz e faz, Enquanto isso acontecer, este pedido é vazio e não posso, em boa consciência, aceitar a hipócrisia que ele representa. 

Reconheço o passo que o Papa dá. Reconheço a sua vontade, pelo menos pública, de mudar. Infelizmente ele é só um e não pode falar por todos. Enquanto as palavras dele não forem os actos da Igreja Católica, o pedido de desculpas de pouco vale. 

Como se costuma dizer, de palavras e boas intenções está o inferno cheio.

2 comments:

Adolescente Gay said...

Olá!

Sim, completamente de acordo; mas ele faz com intenção de ser exemplo e, de começar a mudar a igreja dessa maneira. Enfim, é um passo. =)

Beijinhos e porta-te mal!! ;)

Elenáro said...

É um passo e eu reconheço isso mesmo. Mas é só um passo. É um começo. O problema nestas coisas é que se acha que um pedido de desculpas resolve tudo. Infelizmente, não resolve e tende muitas das vezes a ser areia para a vista.

Ainda temos muito para andar até este pedido ser, de facto, com muito significado.