Já há muito tempo que digo que os problemas que Portugal vive nos dias de hoje vêm muito de trás e que hoje pagamos a factura da má governação dum teórico que saltou da faculdade para a política e fez disso modo de vida. Falo pois de Cavaco Silva, o actual Presidente da República.
Foi nos governos dele que começou o descalabro. Foi aí que se gastou o que se tinha, o que não se tinha e ainda recebemos de fora para ainda mais gastar. Com rios de dinheiro a entrarem em Portugal, o Sr. Prof., do alto da sua sapiência mantém deficits anuais perfeitamente escusados. O Sr. Prof. atribui subsidios a tudo e todos sem os fiscalizar resultando em dinheiros que deveriam ser usados para a modernização industrial e da agricultura serem gastos para a compra de carros e construção de mansões. Como se isto não bastasse, o homem que nunca se engana e raramente tem dúvidas, investiu dinheiro em estradas mal feitas que acabaram por ter de ser "refeitas" ou estradas (auto-estradas) desnecessárias face à dimensão e distribuição demográfica do país.
Há trinta anos atrás, Cavaco Silva destruiu futuro de duas coisas: do país e do partido onde estava. Neste último caso, transformou um partido numa comissão nacional de bajuladores onde a competência pouco interessava. Rodeou-se de amigos e favores forçando a saida ou evitando a entrada de quem realmente poderia ter feito melhor. Ainda hoje o PSD vive à sombra dele. Um partido sem ideologia que não sabe de onde realmente veio e muito menos para onde vai. Um partido que vive da sabotagem, algo que se vê também na sociedade, e não do mérito.
Cavaco, e em geral a geração dele, teve uma oportunidade de transformar Portugal para melhor. Infelizmente, a geração de Cavaco optou por um caminho para o abismo, um caminho onde o que interessava era proteger os seus interesses e evitar que houvessem opositores.
O resultado disto está há vista. Um país cheio de auto-estradas e sem industrias. Um país com um Centro Cultural de Belém que serve meia dúzia de felizardos da capital os quais se deliciam a ver uma cultura em estado vegetativo e a qual caminha rapidamente para a aniquilação. Cavaco, criou uma geração de políticos que vivem do betão e que, tal como ele, nada mais sabem fazer. Hoje pagamos pelas asneiras de Cavaco. Amanhã iremos pagar pela inoperência de Guterres e Deus nos livres quando tivermos de pagar o desgoverno de Durão Barroso e as trafulhices de Sócrates.
Até agora, sempre me senti um pouco isolado nesta analise pois vejo mais facilmente a idolatração deste senhor por um povo que vive para as aparências e como tal, julga que ter auto-estradas para todo o lado e lado nenhum é sinónimo de desenvolvimento. Esquece-se que Cavaco deixou estradas mas destruiu a economia que a podia sustentar, criando e investindo numa industria já decreptica na época, com fim à vista e já com forte concorrência Asiática (leia-se texteis). Vejo agora, contudo alguém a fazer uma análise semelhante.
José Miguel Júdice vem agora dizer algo semelhante, pelo menos em relação a Cavaco.
Triste, contudo, é dizer o que diz e aceitar ser membro da comissão de honra da candidatura de Cavaco. Infelizmente, em Portugal, a falta de principios é algo que já nem devemos ligar muito. O que importa não é a coerência nem sermos fieis às nossas ideias e/ou ideais mas sim ganhar uns trocos e agradar aos chefes.