Sines: o que devia ter sido e o que não foi, tal como Portugal



O pólo de desenvolvimento lançado há meio século que nunca atingiu a medida da sua ambição - Economia - PUBLICO.PT

Um excelente artigo sobre um tempo em que, por muita pouca liberdade que se tivesse, havia da parte dos políticos uma visão a longo prazo e pensavam em mais do que apenas nas eleições seguintes. 

Infelizmente, devido aos políticos que vieram depois de 1974 o projecto de Sines morreu. As crises internacionais, as mudanças tecnológicas e mesmo a mudança dos paradigmas económicos não servem para justificar o falhanço de Sines.A tendências económicas mudam e transformam-se naturalmente. Cabe aos dirigentes económicos e políticos adaptarem-se e adaptarem as estruturas a elas. É aqui que Portugal falha. 

Portugal andou nos últimos 30 anos a colocar em lugares de poder e decisão amigos, filhos e enteados. Durante os últimos 30 anos acomodamos os dirigentes aos lugares essencialmente porque os quadros qualificados disponíveis em Portugal eram reduzidos. Criou-se uma classe de privilegiados instalados sem concorrência capaz de disputar com eles os lugares. Criaram-se vícios os quais estão agora entranhados no modus operanti da sociedade.

Sines, tal como o resto do país, sofre deste mal dos instalados. Agora que temos quantidade de quadros falta-nos qualidade. Isto não é inocente. Isto é propositado pois quem está instalado tem que mostrar para o mundo uma imagem mas essa imagem não pode ser uma ameaça para eles. Por isto se destrói o ensino com a conivência de muitos e a cegueira e outros que são comprados com RSI e CNO. Por isto se alimenta a pobreza em Portugal uma lição que os políticos e os dirigentes em Portugal aprenderam com a Igreja Católica que durante prefere sempre dar caridade evitando dar as ferramentas para que as pessoas possam sair dela. Pelo menos sair dela sem ficar dependente da Igreja para alguma coisa. 

Torna-se imperativo que os capazes, os competentes disputem e perturbem o mais possível a vida aos instalados e, aqueles que têm o privilégio de ensinar, têm a obrigação de criar mais inquietos. Sobretudo não podem[os] ter medo de criar inquietos que possam disputar os nossos próprios lugares. Ousem criar mentes que sejam capazes de vos desafiar.

Só quando aceitarmos que os lugares que ocupamos profissionalmente não são um lugar para se viver mas sim, e apenas, uma posição a ocupar temporariamente, saindo dela depois para outra melhor ou, caso não sejamos suficientemente bons, dar o lugar a quem é melhor que nós naquela área. Só quando tivermos esta dinâmica social, só quando nos capacitarmos que para termos um lugar temos que o merecer SEMPRE e não só apenas no momento de candidatura a ele, é que se mudarão as coisas. Enquanto acharmos que somos donos de posições profissionais e nos acomodarmos a isso, Sines continuará a ser um projecto e não uma realidade e o país continuará a ficar mais pobre e empobrecido.

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