Esta noticia revela bem porque uns são pobres e outros ricos; porque uns têm problemas constantes com as contas públicas (privadas também) e outros não; porque é que uns sofrem de problemas de competitividade e outros não; porque uns se aguentam no meio de uma crise e outros não.
Leia-se:
"Em situação comparável a Portugal, mas mesmo assim a alguma distância, encontra-se Malta, onde 52% dos indivíduos que arranjaram trabalho em Junho eram pouco qualificados, Espanha (50%), Itália (43%) e Grécia (37%)."
- in DN
Agora proponho que o leitor faça um esforço por encontrar o padrão nestes países. Até que nem é difícil pois podem-se fazer vários vários.
Juntamente com esta notícia vem esta também. Estes senhores, juntamente com os amigos e padrinhos de S. Bento, são os responsáveis pelo atraso do país e, consequentemente, pela notícia anterior.
Li num comentário da notícia alguém a dizer que estes senhores não pensam. Dizia então o cavalheiro que estes senhores não conseguem perceber que pagando salários mais baixos há menos dinheiro a circular. Havendo menos dinheiro a circular, eles vendem menos, logo ganham menos também.
Eu, lamentavelmente, vou ter que discordar. Eles pensam e pensam muito bem. O problema é que pensam para o bolso deles e não para as empresas deles (muito menos para os empregados). Em Portugal, as empresas de "sucesso", na sua maioria está claro, são empresas que vivem do e para o Estado. São empresas apadrinhadas por amigos ou subsídios ou as duas para funcionarem. Sem isso rapidamente iam à falência pois não conseguiriam competir.
Repare-se que Portugal sofre de uma condição singular na Europa. Temos empresas que não conseguem competir lá fora se não forem ajudadas pela mão de alguém e mesmo assim é o que é. Temos empresas a falirem, a darem prejuízo ano após ano e sempre a mendigarem por uma ajudinha do amigo Estado.
Por outro lado, os senhores daquela dita associação, os gestores e afins são os mais bem pagos da Europa, segundo se sabe. E como eles gostam do dinheiro direitinho no final do mês, nem que para isso seja preciso deitar ao charco a empresa. Agora reparem o que pedem para os empregados: mais trabalho, mais eficiência e, sobretudo, salários mais baixos. Isto é, o contrário do que fazem para eles próprios. Imagino que, se eles ganhassem pela sua eficiência enquanto gestores e patrões, nem o salário mínimo mereceriam em alguns casos.
Perante este cenário, os políticos, Universidades e seus dirigentes e mesmo a comunicação social através dos comentadores económicos, continuam a vender a ideia que Portugal tem licenciados a menos. Só demagogos, gente com segundas intenções ou líricos é que podem sustentar esta afirmação. Devido à sua [pobre] estrutura económica, Portugal já tem licenciados a mais na maior parte das áreas disciplinares. Naquelas que não tem a mais, Medicina por exemplo, existem pressões para que a situação assim se mantenha a bem dos rendimentos da classe. Conclusão, anda-se a vender falsas (para não dizer erradas) expectativas às pessoas, por razões eleitorais, de imagem ou meramente para as estatísticas.
Portugal não tem licenciados a menos. Portugal não tem problemas de competitividade. O que Portugal tem problemas de gestão endémicos, ou seja, tem falta de bons gestores, bons dirigentes, de gente que saiba ver para si e para os outros. Portugal precisa de gente que saiba ver a 10-20 anos. Portugal tem que se ver livre dos instalados, dos maus dirigentes, dos seus maus mestres das faculdades e, principalmente, dos padrinhos e enteados.
As duas notícias que referi e o raciocínio que fiz de seguida, são algumas das verdadeiras razões pela qual o país é pobre, atrasado e o continuará a ser.