O país está louco!

Rapaz agredido a pontapé tem medo de sair de casa - JN

Depois de termos ouvido a notícia de uma rapariga a qual foi violentamente espancada por outras duas matrafonas, de uma rapariga que foi esfaqueada com um x-acto por outra senhora, podemos ler agora uma outra notícia de um rapaz agredido a pontapé, alegadamente por outros três jovens que ainda lhe roubaram 100 euros!! Mas não é caso único. Soube outro dia que uma aluna minha anda a ser ameaçada de morte por uma colega. A rapariga anda tão assustada que já nem vai mais à escola, especialmente porque a turmita dela, segunda ela me contou, se juntou à festa.

O que eu pergunto é onde é que estão os pais no meio disto tudo? Vou propor uma explicação.

Ter um filho é uma coisa muito engraçada. É giro para mostrar ao amigos e tudo. O problema é que, para além de custar muito dinheiro, ao fim de 12 anos acaba-se a macacada. A criança começa a ganhar "vontade própria". Começa a querer sair debaixo das "asas" dos pais. Aos 15, 16 anos começa a fase de rebeldia onde o jovem se tenta encontrar com ele próprio e com o mundo. Como vivemos numa sociedade que cultiva a desresponsabilização de tudo e incentiva a vida "fácil", pode-se perceber que aos 12 anos a criança passa de engraçadinha a chata. Aos 15, 16 anos passa a irritante. E o que é que se faz com coisas chatas e irritantes? Simples, ignora-se. Não se liga. Deixa-se andar que é para não haver chatices. Resumindo, é o mesmo problema dos animais domésticos. Enquanto são bebés ficam. Quando se tornam adultos ficam ao abandono na rua. Como às crianças não se pode deixa-las na rua, deixa-se a criatura vir dormir a casa e dá-se-lhe de comer e beber. O resto, ela que se desenrasque.

Os pais, em Portugal, precisam de um curso para o serem. Uns acham que as crianças se educam sozinhas. Outros há que acham que a educação é da responsabilidade de outros; Escola, Professores, Estado... Mas isto é de espantar? Claro que não. Isto é o resultado da educação que os pais de hoje receberam dos seus próprios pais juntamente com a ideia que se criou em Portugal que a culpa morre solteira. E como é possível não ser assim quando temos um bastonário da ordem dos advogados que acha que gente que comete estes actos não deve ficar presa? Eu até acho que, para além dos filhos, os pais também deviam de ir para os "quadradinhos" perante casos destes. O facto de estar previsto na Lei a possível detenção dos pais pelos actos dos filhos faria muita gente andar bem mais atenta aos seus petizes.

No meio disto tudo, e falando do caso do rapaz, fico com uma grande pergunta. Para que é que um rapaz de 16 anos andava com 100 euros no bolso? E mais uma vez, isto leva a outra pergunta: de quem é a responsabilidade do miúdo andar com tanto dinheiro? Dele ou dos pais?

Eu sei que o embrutecimento intelectual é uma coisa atroz em Portugal. Há em pobres e ricos, engenheiros e trolhas, professores e alunos... Mas usar a massa encefálica não doí... Custa ao inicio para quem não está habituado a fazer uso dela mas não mata e garanto que possíveis dores de cabeça serão passageiras... Não se comece a usar a cabecinha, não, que o país não dura mais 50 anos.

De facto, é bem verdade o que outro dia li. Nós não somos descendentes dos corajosos portugueses que partiram à descoberta de novos mundos. Nós somos descendentes dos Velhos do Restelo que cá ficaram.

3 comments:

Andy said...

É assustador o que descreve! Ainda assim, quero acreditar que há esperança e que há pais que se preocupam e lutam até aos ossos pelo bem estar e educação dos seus filhos, no meio de um tempo sem tempo de qualidade para Estar...
concordo, os pais têm um papel fundamental, aliás insubstituível no crescimento dos filhos!
que haja melhores dias...

bom feriado! :-)

Elenáro said...

Obrigado, Andy! Um bom feriado para si tambem! :)

Anabela Magalhães said...

Certíssimo, Elenáro! O país tem de encontrar outro rumo e esse novo rumo passa, obrigatoriamente, pela responsabilização geral.