A solução para a crise tem passado por explorar mais os já explorados.



Empresas que contratem recibos verdes menos penalizadas - Economia - DN

Estes desgraçados que andam na política nos dias de hoje só conseguem fazer uma coisa direita que é manterem os seus poleiros. Percebo a lógica de, neste momento, não se penalizar quem contrata a recibos verdes. No entanto, é muito bonito ver que quem abusa dessa coisa dos recibos verdes sair beneficiado enquanto que os desgraçados explorados com os falsos ou, pelo menos, abusivos recibos verdes continuam a tramar-se. Reparem, um trabalhador a recibos verdes já é penalizado pela quantidade absurda de impostos que paga sem ver proveito algum disso. Numa altura que o mercado de trabalho anda como anda, o governo, para evitar cortar nas mordomias e clubismos dele e dos amigos, decide aumentar impostos. Aumenta-os a quem já pouco ganha e muito paga.

Embora ache que quem tenha empresas a viver à custa deste trabalho precário que é o mundo dos recibos verdes deva ser penalizado, no momento actual, tal coisa não teria os grandes efeitos que se esperava. Duvido muito que os empregadores de recibos verdes fossem agora mudar para contratos [a prazo] assim de repente só por causa de 5% de penalização. Por esta razão, penso que a penalização é um pouco relevante. Se fosse mais alta estaria frontalmente contra o "alivio" anunciado no OE. 

Contudo, isto não justifica o facto de se "aliviar" os exploradores e não os explorados. É preciso que haja mais gente a contratar por isso é preciso que os empregadores não sejam sacrificados com isso mas nada disto devia ser feito à custa do empregado. Aliviar quem explora de forma abusiva os recibos verdes e penalizar quem é abusado é, no mínimo, idiótico, patético e demagógico. [Não] sei o que vai na cabeça dos governantes mas assim só vão conseguir uma coisa: mandar o país todo ao charco.

Aumentar os impostos é diminuir o consumo. Se este diminui a economia cresce menos, ou seja, as empresas vêm a sua actividade reduzida o que, por sua vez, implica que vão ter elas de cortar em algum lado. Um dos sítios é no trabalho ou salários. Chegados aqui, voltamos ao inicio e temos mais diminuição do consumo. Ou seja, não só o estado está a arriscar colectar menos impostos como ainda vai ter que desembolsar em subsídios e ajudas. Resolver agora um problema para, depois, criar dois e tudo à custa dos já muito explorados.

A minha única dúvida agora é quanto tempo demorará até cairmos no buraco que estamos a cavar? Se os ricos e estes instalados julgam que se safam, lembrem-se que nas revoltas e revoluções o dinheiro pouco importa. Pior ainda, estamos a arriscar cair noutra crise sem sequer termos saído desta.


2 comments:

Contra.facção said...

Elenáro
Cá está o tal Pragmatismo, que hoje em dia disfarça o Capitalismo Neoliberal, que nos atirou já e a muitos outros países, para o buraco.
O ciclo que descreves, menos dinheiro, menos... eles sabem isso, só não sei se são capazes de aguentar com a maioria dos cidadãos europeus, em manifestações e pancada, que esperemos que caia em cima deles.
Quem semeia ventos, colhe porrada e um dia vai ter que ser.

Elenáro said...

Miguel

Cada vez penso isso mesmo. Acho que é só mesmo perguntar quando vão começar a chover calhaus e outros objectos que tal sobre quem de direito...