A austeridade assente em areias movediças.


Recessão supera 2,5% e desemprego agrava-se em 2012 - Especiais - DN

Este governo, cheio de teóricos e gente que percebe pouco do que anda a fazer, está convencido que, aplicando medidas de austeridade a torto e a direito que tudo se endireitará. Aumentam-se os impostos, aumenta-se a receita. Isto é verdade num cenário de crescimento económico. Como não estamos, nem se prevê que se esteja tão cedo num cenário desses, por muito que se aumentem os impostos, não se irá conseguir aumentar a receita.

Com uma recessão de 2,5%, esta troika de teóricos de boa governação no governo, irá [e terá] forçosamente de aumentar ainda mais os impostos, ao ponto de apenas conseguir estagnar por completo a economia e, como tal, levar-nos à falência certa. 

Desenganem-se os que pensam que chegamos aqui com Sócrates. Desenganem-se os que acreditam que este governo irá ser a salvação nacional. E, sobretudo, desenganem-se os que ainda acreditam que estes sacrifícios são necessários e úteis. Necessários, ainda acharia que sim se existissem medidas de crescimento económico e se o corte na despesa fosse realmente corte. Se acham mesmo que estes senhores foram para lá para resolver os problemas do país, sendo as pessoas de bem e altruístas que querem parecer, não veríamos notícias de membros do governo com casa em Lisboa a sequer pedir ajudas para a sua "fixação" em Lisboa. Um governo que pede sacrifícios, que corta tudo a todos mas tem membros que se acham no direito de, para além do salário e todas as mordomias, ainda receberem mais de 1000 euros por mês para despesas relacionadas com o seu "novo" local de residência é um governo de mentirosos, no qual só gente muito ceguinha pode ainda ter confiança.

Tradução do cartaz no fim deste post.
Mas estes problemas já são muito antigos. Passos não o criou, mas também não o irá resolver. Sócrates também não o criou, simplesmente continuou a bela tradição de governante português de tratar de resolver os problemas da vida dos amigos e, nos tempos livres, ir governando o país atirando dinheiro a tudo e todos. Aliás, o mesmo que Cavaco fez com o betão. Esse também estava convencido que com dinheiro para as construtoras, os problemas económicos do país ficariam resolvidos.

Como todos os que agora se acham salvadores nacionais são os mesmos que nos trouxeram até aqui, a única coisa que podemos esperar é mais do mesmo. Mentiras e aldrabices. Incompetência e falta de inteligência. Assim sendo, se temos um governo que apenas sabe cortar no bolso dos outros, quer com cortes nos vencimentos, quer com aumentos de impostos, ou ainda que corta nos serviços essenciais (os quais são inteiramente da responsabilidade do governo e não do privado) sem qualquer critério cientifico para além do "reduzir custos", e que não potencia a criação de riqueza, o único caminho que nos resta é uma lenta e prolongada agonia até ao derradeiro destino que é a falência.

Já agora, para aqueles que acham que a solução passa pelos cortes agora para quando a Europa começar a crescer nos levar junto, aviso já que, quando isso acontecer, quando a Europa resolver os seus problemas, irá esquecer os problemas de Portugal. Conclusão, iremos ao fundo à mesma.

E para os amantes e fieis seguidores do neoliberalismo e capitalismo anti-social, deixo a analogia, para que percebam melhor o que quero dizer. Uma empresa que vive de dinheiro emprestado, que não produz, não vende e, portanto, não gera receita e lucro, tem como único destino a cessação de actividade, ou seja, a falência. Cortar nos salários dos trabalhadores e aumentar o preço daquilo que quer vender, quando muito, prolonga o tempo que demorará a chegar à bancarrota.


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