Porque me pareceu sentir um certo eco decidi publicar aqui o artigo de opinião de Fernando Sobral no Jornal de Negócios.
No meio do teatro de sombras em que se transformou o negócio PT/Vivo/Telefónica, o Governo espanhol achou que a Portugal estava reservado o papel de D. Quixote, o cavaleiro que não distingue a ficção da realidade.
Os ministros Miguel Angel Moratinos e Elena Salgado e a Telefónica, transformaram--se em anjos impolutos, escrevendo o argumento. José Sócrates entendeu tarde demais o verdadeiro dilema da PT, entretido com o assalto à TVI numa lógica que um dia será melhor explicada.
Não se preparou, estrategicamente, para o que a Espanha queria e, por isso, a sua reacção foi tardia e disparatada. Mas talvez esteja a tempo de recuperar o equilíbrio político. A sua entrevista ao "El País" mostra um renovado Sócrates que sabe separar o trigo do joio. E que entende o que efectivamente está em jogo, enquanto que atrás das cortinas se continuam a inventar cenários para que tudo pareça um conto de fadas.
O Governo espanhol e a Telefónica, tão amigos das regras de mercado, sabem o que fizeram à alemã E.on quando tentou entrar em Espanha. E sabem como Berlusconi despachou a Telefónica quando esta estava tentada pela Telecom Itália. As leis do mercado têm diferente valor em diferentes épocas.
Mas a ideia espanhola foi genial e lembra quando Maquiavel, para comemorar as vitórias de Florença, comissionou um mural em conjunto a Leonardo Da Vinci e a Michelangelo, sabendo que ambos se odiavam. Conseguiu dividir o poder político e o económico português, enquanto acenava com o cheque.
Agora resta saber quem aplicará o xeque-mate.
- in Jornal de Negócios.
Para ser franco, já não me lembrava da história da E.on... Ou seja, os Espanhóis são muito rápidos a correrem que outros lhes entrem no país mas fazem birra de criança quando são impedidos de fazerem o que bem querem. Pior que isto é o facto de que, em Portugal, há sempre quem lhes dê a mão para aniquilarem a concorrência. Não digo isto por questões de interesse nacional. Digo isto por questões de interesse da PT.
Mas, na realidade, se se extrapolar isto para um plano histórico-nacional percebe-se facilmente porque foi tão fácil a Filipe II de Espanha tomar conta do então Reino de Portugal. Infelizmente, os Portugueses têm nos seus genes esta propensão para se traírem a eles próprios, seja a nível politico-nacional seja a nível económico das empresas para as quais trabalham ou, ainda mais caricato, das empresas que são donos.
O que começou na antiga Lusitânia com Viriato e que se repetiu na União Ibérica voltou a acontecer aquando da entrada de Portugal na CEE e volta agora a acontecer, aos olhos de todos, com a PT.
Estou convencido. O grande mal de Portugal é ter muitos portugueses!
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