Temos pena!

O seguinte comentário foi retirado daqui e, infelizmente, demonstra bem o problema que temos na função pública. A mentalidade que se instalou nos funcionários públicos é a principal inimiga do próprio funcionalismo público.

carlos pereira
06.10.2010/14:46

Grande inveja vai por aí. Afinal o que querem? Ser tambem funcionários do Estado? Não, não, que isso não é para todos. Fiquem na privada que estão muito bem. E toca a trabalhar para o engrandecimento do país. E quanto a mim, funcionário público, vou continuar a observar para ver se os meninos invejosos continuam a produzir para eu continuar bem instalado na vida. Bons sonhos, bom trabalhinho e vejam se não fogem aos impostos que é para eu poder viver à grande.

Eu creio que, se bem que haja alguma inveja pelos que já lá estão no funcionalismo público, o maior sentimento é o de revolta. Revolta porque, de facto, o funcionalismo público vive uma situação privilegiada em relação ao que não é funcionalismo público. Isto não quer dizer que os culpados do país estar como está sejam eles, mas quando se vê a discrepância salarial dentro da função pública e fora da função pública, a juntar aos horários de trabalho etc e tal, compreende-se porque o comum dos mortais possa estar revoltado e possa até culpar o funcionalismo do estado pelo estado do país. 

Se me perguntam se é justo ou não, aí a resposta é mais dificil. O funcionalismo público é, ele próprio o seu pior inimigo e tem sido ele próprio responsável pelo descrédito que hoje ele tem. Agora se foi ele que levou o país ao estado caótico, isso é óbvio que não. Aí a culpa é dos dirigentes deste país que não sabem dirigir nada (salvo o seu próprio bolso) e dos restantes que nada fazem para que as coisas mudem, limitando-se à critica e insulto barato.

Em todo o caso, seria bom que os funcionários públicos de certas e determinadas áreas pusessem a mão na consciência e reparassem que mais ninguém trabalha das 9h as 16h com 1-2h para almoço. Isto ainda ganhando o rico salário ao final do mês com direito a férias garantido etc e tal.

Agora podem todos saltar, gritar e espumarem-se todos pela boca, funcionário público ou não, sobre os cortes e impostos. O certo é que, enquanto não se chegou aqui vivam, aparentemente, todos no paraíso. Os FP exigiam aumentos de salários (segundo me lembro, houve até um sindicato de enfermeiros que queriam 4,5% de aumento quando o resto da FP já nada via), os privados continuavam a gastar o que tinham e o que não tinham em telemóveis, Internet, carros, portáteis, etc. Todos quiseram gozar a vida até ao limite. Pois bem, o limite chegou e se não queriam estar como estão agora deviam ter pensado enquanto foi tempo.

Agora resta-nos tentar limpar a casa dos anos de excessos. Privados e  Função Pública, agora não há volta a dar. Aguentem-se à bronca e chega de tentar arranjar artifícios para se poder continuar a gozar à brava. Essa história da inconstitucionalidade é tão má cara que demoraram este tempo todo a para pensar nela.

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