Casal McCann pede destruição total de livros - JN

 


Casal McCann pede destruição total de livros - JN

Muitos se indignaram com o casamento homossexual. Muitos disseram que era perder tempo com coisas desnecessárias. Muitos ainda gastaram horas e dias a lutar contra esta lei. Muitos insultaram quase com vaticínios do fim do mundo. Bem, essas mesmas vozes, perante algo que é de extrema importância para o país, que é o funcionamento de toda a ordem judicial portuguesa, estão agora caladas.

Um casal estrangeiro, com acusações graves (provadas ou não, foram graves) no seu currículo, com um caso de abandono dos próprios filhos para ir tomar jantar (as supostas visitas constantes não desculpam nem retiram o facto das crianças estarem sozinhas em casa), que usaram de sedativos para as crianças dormirem (penso que a própria Mrs. McCann o admitiu)... Bem, um casal com este currículo todo e ainda com amigos obscuros nas altas esferas do governo britânico e que anda a fazer milhões (o uso é irrelevante) com o desaparecimento da própria filha, chega a Portugal, não gosta do que um cidadão português, no seu pleno exercício da liberdade de expressão conferido pela constituição, diz leva-o a tribunal e consegue ganhar uma providência cautelar que ordena que as editoras recolham os livros e o filme e obriga o próprio cidadão a calar-se. Pessoalmente eu considero esta decisão do Tribunal inconstitucional mas está decidido está decidido. Recorre-se e espera-se que outros juízes tenham mais em conta a constituição e a lei portuguesa do que os desaforos do casal britânico.

Contudo, e voltando ao assunto, o casal vem agora pedir a destruição dos livros, algo que faz lembrar  os tempos da Inquisição em que obras eram queimadas se pusessem a Igreja Católica numa situação embaraçosa.

Para além de me perguntar, porquê esta obsessão para que não se infira nos meios de comunicação que eles podem ser culpados, violando a liberdade de expressão garantida em Portugal pela constituição, ainda não se ouviu nenhum dos tão verbais opositores do casamento homossexual a falar sobre este caso. Sobre um caso que tem desgraçado a Justiça Portuguesa. Já agora, outro caso igualmente grave e que se tem arrastado nos tribunais que nem uma rasca novela televisiva, é o caso Casa Pia.

Sem Justiça não há combate à corrupção. Sem Justiça não há economia que resista pois deixa de existir um fórum onde resolver as questões. Sem Justiça todos ficam sem direitos. Sem Justiça não há ordem e paz social. Por isso, perante tais gravidades dos casos, pergunto-me onde estão então as vozes críticas dos temas verdadeiramente importantes? Não falam agora? Perderam o pio? Pois, falam de democracia... Sem Justiça ela não existe, contudo, com perante casos que ameaçam a Justiça estão mudos. Compreende-se. Afinal o verdadeiro problema da maior parte desta gente não é o facto de haverem problemas mais importantes. Também não é pela falta de um referendo (só querido pelos opositores) que vai causar o fim da democracia.

O verdadeiro problema dessa gente era mesmo dois homens (nem tão pouco são as lésbicas pois essas até são o sonho de todo o homem heterossexual em Portugal - andar a praticar o coito com duas ao mesmo tempo, de preferência com elas a praticarem sexo mutuamente) poderem ou não partilhar uma vida. O chamar-se casamento GAY em vez de casamento HOMOSSEXUAL é exemplo disso pois gay associa-se a homem e não a mulher.

Conclusão, com uma sociedade hipócrita e ignorante e, pior, falsa moralista e falsa pudica, o país não vai a lado nenhum não. Quando se perde o tempo que se perdeu com algo que só diz respeito a quem se quer casar, quando se faz o xinfrim que se fez por algo que é completamente irrelevante para 90% da sociedade portuguesa e, com casos gravíssimos não há referendos nem indignação, então este país está mesmo condenado à desgraça.

Como disse outro dia, em Portugal só se fala e só se perde tempo com o acessório. Com o que é essencial não se faz nada pois isso dá trabalho e, pior que tudo, vai obrigar-nos no futuro a fazer as coisas direitas. Pelo menos, tira-nos as desculpas de que o problema é dali e de acolá e não nosso.

Ainda sobre isto, o facto de andar gente em cuecas no metro também não causou nenhum alarido para tão oficiosos e preocupados senhores e senhoras com a moral e bons costumes da sociedade. Ao fim ao cabo, as crianças só serão afectadas com aquilo que provavelmente poucas irão ver (casais homossexuais) e não com aquilo que qualquer uma poderá ver (gente a andar em cuecas em pela via pública).

Afinal de tudo, o que importa mesmo é que dois homens não se possam beijar ou expressar o seu afecto. Isso é que é importante que se impeça pois isso é que trará o Apocalipse à sociedade portuguesa.

Fica aqui esta notícia, desta vez do DN.

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