O caminho para as eleições legislativas 2009 - Os problemas do país

Na rubrica de hoje deste tema vou tentar, sucintamente e pondo de parte muitos problemas que me passarão ao lado, expor o que tanto aflige o nosso matagal à beira mar plantado. Tentarei dar uma solução para os casos. (A ordem porque estão expostos é perfeitamente aleatória.)

1- Desigualdades sociais crescentes que aumentam o fosso entre ricos e pobres, destruindo a classe média, e proporcionando tensões sociais que comprometem todo o futuro do país. Importa colmatar isto sem recorrer, contudo, a medidas que "incentivem" a pobreza. Os subsídios e apoios sociais têm de existir mas têm de ter como objectivo a auto-suficiência dos receptores e não a sua manutenção como "pobres subsidiados". Não é justo para quem paga impostos e trabalha e não é vida para quem recebe.

2- Cunhas. Isto é algo que tem de acabar pois impede que os melhores, os mais capazes e mais bem preparados cheguem aos lugares convenientes para pôr o país a andar para a frente. Enquanto os cargos de gestores, altos dirigentes e funcionários do estado e outros forem dados por questões unicamente de amizade e oportunismo politico, Portugal não irá sair deste estado letárgico em que se encontra. Pior, os melhores e mais capazes irão rapidamente perceber que não têm futuro aqui e irão partir para outras costas.

3- Directamente relacionado com o ponto anterior, a falta de dinamismo económico. Isto deve-se a um sistema sócio-económico que não promove o mérito mas antes a incompetência dos gestores e empresários. A facilidade e leviandade com que se pode falir uma empresa para dois dias depois abrir outra é inaceitável. Os jogos de bastidores que existem e os "cartéis" que se criam são outra fonte para que quem quer trabalhar, fundar a sua empresa e vingar seja impedido de o fazer. Não estou a dizer que é de todo impossível mas é inegavelmente difícil criar uma empresa sem ter de compactuar com actividades menos licitas ou reprováveis.

4- Educação. Resultados que só melhoram porque a avaliação dos alunos é feita cada vez mais com base num facilitismo pouco digno. Na sua ânsia de por Portugal ao mesmo nível de resultados que o resto da Europa, os sucessivos governos fazem de tudo para que as notas subam, mesmo que para isso se tenha que destruir um conceito fundamental que é o da exigência. Esta exigência deve também estar aplicada ao nível da docência. Para isto é importante que se aplique um sistema de avaliação que incentive uma constante e permanência melhoria dos docentes através de uma competição saudável. Os que melhores resultados obtêm com a avaliação a escolher serão recompensados. Os que não conseguem terão de realizar uma introspecção para ver onde falharam de modo a que no próximo ano consigam estar entre os "melhores". A avaliação em si tem que ser bem pensada e estuda e sobretudo feita desde o inicio com uma participação activa entre todos as componentes intervenientes, ME e docentes. Não pode haver uma imposição de nenhuma das partes pois isso é meio caminho andando para o falhanço.

5- Desenvolvimento regional. Talvez fosse altura de repensar este ponto. Afinal já se chegou à conclusão que o estado centralizado limitou-se a gerir a Lisboa e Vale do Tejo esquecendo-se do resto do país. Como tal não serve. Também não se quis a regionalização. Ok. Não é a minha opinião mas até posso viver com isso. Foi-se para uma "municipalização". E eu pergunto onde está ela? Está tudo na mesma e as assimetrias regionais aumentaram. Para quem diz que Portugal é assim tão pequeno para ter regiões administrativas, parece-me que é também igualmente grande demais para Lisboa ver o que está além de 50 km.

6- Ligado e em sequência com o ponto anterior as grandes obras publicas. Portugal já tem uma densidade de auto-estradas bem dentro da média europeia se não superior já. Creio que não precisamos de mais. Precisamos sim é de boas estradas locais, nacionais e bons IPs também. TGV, excluindo a linha Lisboa-Madrid, não vejo a urgência em desperdiçar tanto dinheiro numa nova via ferroviária quando a rede existente precisa e pode ser aumentada, expandida, melhorada e bem melhor aproveitada. O Aeroporto, bem, relembro outra vez o tamanho de Portugal (que pelos vistos continua a ser tão pequeno para umas coisas e tão grande para outras) e que já temos TRÊS aeroportos a funcionar no país. O do Porto, que tanto dinheiro se gastou para agora não ser aproveitado; o de Lisboa, que poderá servir se não se concentrar todo o santo voo para a ilustre capital; e o de Faro, que, segundo me consta está num autêntico caos e totalmente subaproveitado. Com uma crise financeira, recursos limitados e obras regionais urgentes, estes projectos megalomanos têm de ser equacionados, redimensionados ou mesmo riscados dos planos.

Muitos mais problemas havia para serem mencionados mas fico-me por estes (por agora pelo menos).

11 comments:

Elenáro said...

Martins, quanto às desigualdades segundo um estudo da OCDE confirma-se o que eu disse.

Mas vendo uma análise do GINI ao longo dos tempos apenas em 2007 (dado mais recente que encontrei) é que desceu se bem que muito pouco. E isto foi antes da crise económica. Ainda estou para ver que impactos, se algum, terá a crise neste índice.

Fica aqui o link do dito gráfico. Os dados são do Eurostat.

Para além disto tudo ainda é sensação que tenho no dia a dia. Porventura pode estar em contradição com os dados oficiais.

Martins said...

Quando a coisa é de 37 em 2004, 2005 e 2006 e passa para 36 em 2007, não se pode referir a ela nestes termos:
Desigualdades sociais crescentes que aumentam

Martins said...

Elenáro é lógico que o índice vai descer ainda mais.
Então tu não sabes que muitos milionários viram a sua fortuna diminuída? Pelo menos é o que dizem.

Martins said...

Já agora deves consultar isto:

http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DESTAQUESdest_boui=72009200&DESTAQUEStema=55499&DESTAQUESmodo=2

Elenáro said...

Quando a coisa é de 37 em 2004, 2005 e 2006 e passa para 36 em 2007, não se pode referir a ela nestes termos:
Desigualdades sociais crescentes que aumentam.

Não foi face ao gráfico que fiz esse comentário Martins. Foi em relação ao pdf da OCDE. Lá vem dito o que eu disse: as desigualdades aumentaram.

O segundo gráfico foi uma tentativa de corroborar o que tu tinhas dito. Mas a conclusão que tiro daquilo é zero. Houve umas pequenas variações mas no geral ficou-se no mesmo. O gráfico nem me dá razão nem me desmente. E o mesmo a ti. Por isso ter dito que espero para ver os dados de 2008 e 2009 quando eles saírem/eu os encontrar.

Essa dos milionários Martins... Acho que só se for lá fora. Por cá acho que continuam iguais, ou melhores. Não sei...

Vou dar uma olhadela a esse link e depois comento. :)

Martins said...

Ou eu me engano muito, ou esse estudo reporta-se até 2004/2005 e já foi comentado até pelo António Peres Mettello em Outubro de 2008 no DN

Elenáro said...

O estudo está interessante Martins. Mas penso que até bem provar em parte o que eu disse.

Não comprava que as desigualdades estejam a aumentar mas que nestes dois últimos anos (2008 e 2009) os estudos irão certamente dizer que as coisas pioraram. Espero para ver.

Mas o estudo mostra claramente que Portugal é um país extremamente desigual. Acho que todos sabemos também o porquê disto e não vou entrar por ai.

Se li bem e entendi bem o estudo mostra é que o apoio social em Portugal deixa muito a desejar.

Elenáro said...

Errata: Onde se lê "bem provar em parte" deve-se ler "vem provar em parte".

Se houvesse dúvidas que era do norte acho que isto esclareceu-as.

zedezede said...

Excelente Elenário!!!
O Medina Carreira não faria melhor!!!

Elenáro said...

Sendo assim, tomo isso como um elogio zedezede.

Elenáro said...

Tenho o Medina Carreira em alta consideração, estando ele certo ou errado.

Ao menos diz o que pensa.