Porque já é o segundo blogue que vejo a dizer que a Grécia foi governada por socialistas e que foram eles que deram cabo do país, vou rever alguns factos.
Na Grécia, entre 1981 e 2010, os partidos que tomaram as rédeas do governo forma o partido Nova Democracia (ND), o qual é de centro-direita, e o PASOK, o qual é de centro-esquerda. Assim sendo vejamos os resultados das eleições.
1981 a 1989: PASOK
1989 a 1993: ND
1993 a 2004: PASOK
2004 a 2009: ND
2009 até hoje: PASOK
Temos então 19 anos de PASOK e 9 anos de ND. De facto, nos últimos 30 anos o governo foi mais vezes do PASOK do que do ND. Mas agora repare-se que não foi seguido. Repare-se que foi intermitente. O ND esteve lá duas vezes e foi votado fora nas eleições seguintes.
Alguma razão deverá ter havido para isto. Em todo o caso repare-se ainda no seguinte: de 2004 a 2009 o ND esteve no poder. Em 2009, as coisas estavam tão bem para aquele governo, de direita note-se, que foi o próprio Primeiro-ministro (membro do ND) a pedir ao Presidente da República para dissolver o parlamento e convocar novas eleições.
Quando saiu do governo e chegou lá o PASOK, os tais "socialistas", a Grécia estava na bancarrota.
Conclusão, quem levou o país à falência não foi a esquerda mas sim a direita que esteve lá nos últimos 5 anos e deixou o país no estado que deixou. Se o PASOK tinha culpas por 19 anos de más governações, então o ND mais culpas teve porque, nos últimos 5, deixou que a situação fosse de mal para pior.
Note-se que isto não foi só na Grécia. Nos EUA passa-se um fenómeno igual. Após 8 anos de (des)governação Republicana, o país passou de superavits para os maiores déficits da sua história. Quando sairam de lá os Republicanos, os EUA estavam (e ainda estão) de rastos. Duas guerras para pagar, uma a decorrer e sem fim à vista, uma crise financeira, déficits históricos, uma dívida galopante e uma economia em recessão.
Estas histórias de bichos papões socialistas eram muito giras no tempo da União Soviética e das caças às bruxas, ou deverei dizer comunistas, nos EUA. O certo é que, cada vez que o mundo vira para a direita os males que a esquerda faz são ultrapassados e o mundo vai às urtigas. Relembro a onda de nacionalismo, fascismo e nazismo que varreu a Europa e o mundo na primeira metade do século XX. Relembro o que estes exemplos de excelência de direita fizeram ao mundo, os presentes que lhes deram: duas guerras mundiais, um continente devastado, um holocausto... Relembro as políticas de "esquerda" que os governos foram obrigados a implementar para evitar que os países entrassem em colapso após o crash bolsista de Wall Street em 1929, fruto da mentalidade da "direita".
Isto não desculpa as culpas que a esquerda teve e tem na história do mundo. Pense-se na União Soviética e Coreia do Norte só para se ver os presentes que também tivemos desta ala.
O problema é quando deixamos que irracionalismos emocionais baseados no senso comum tomem conta do nosso discurso... Senso comum que, tanta informação pertinente nos dá como nos faz querer que é o Sol que gira à volta da Terra. Afinal, nós não sentimos o planeta em movimento... Bolas! Nem se quer se sente corrente de ar!
Nós não temos más governações de esquerda e/ou de direita. Nós temos más governações fruto de políticos incompetentes ou com que têm tudo em mente menos o serviço público. A esquerda não é melhor que a direita nem a direita é melhor que a esquerda. Ambas, quando levadas a extremos ilógicos e fundamentalistas levam, e levaram, à desgraça.
Ganhe-se juízo e não percamos a nossa objectividade dos factos!