Ainda sobre o ensino do Inglês...



No último post sobre o estado do ensino da língua Inglesa falei por alto do erro de se culpar o que está para trás, nomeadamente do ensino precoce da língua no ensino básico. Hoje venho desenvolver mais um pouco.

É um facto que o ensino precoce de uma qualquer língua é benéfica para a criança. Contudo é preciso saber bem como é que isso é feito. Se for mal feito ou se for algo meramente, perdoem a expressão, para Inglês ver, então mais vale estar quieto. Os erros de aprendizagem duma língua raramente, e só com muito custo, se endireitam. Por isso importa perguntar se o que é agora feito é adequado à aprendizagem da língua. 

Pessoalmente eu sou a favor do ensino precoce do Inglês mas discordo da maneira como ele é feito. Penso que as crianças só beneficiarão de facto com este método se o mesmo for académico e não apenas uma mera confrontação com a língua. 

Certo que é necessário adaptar o método de ensino ao nível de desenvolvimento das crianças mas penso que também é errado fazer das crianças estúpidas e, no meu entender, é exactamente isso que se anda por aí a fazer. Primeiro porque se entrou numa crença que as crianças são sempre muito novas para aprender seja o que for e que tudo no ensino tem de ser infantilizado. Cai-se no ridículo desta infantilização já ter chegado às próprias faculdades e universidades. 

Ninguém melhor que uma criança para aprender naturalmente uma língua, ouvindo e interagindo com ela. Para isto não basta andar com jogos didácticos. É preciso que as crianças ouçam e interajam persistentemente com a língua. Nada melhor do que as por a fazer, leia-se dizer, coisas simples mas úteis e com significado contextual e não coisas soltas tipo cores e afins. Quanto mais cedo a criança interiorizar a estrutura da língua mais facilmente aprenderá a trabalhar a mesma. 

Para isto é preciso haver professores bem preparados e que saibam de facto falar a língua. Não chega saber academicamente uma língua. Infelizmente, as faculdades falham nisso e, de forma ainda mais visível falham as Escolas Secundárias e Básicas.

Desenvolverei mais noutro post.

3 comments:

Em@ said...

Pois falham, Elenáro.
1º na universidade devia ser obrigatório que qualquer professor de 1 língua estrangeira fosse um native speaker. Depois, todos os alunos deveriam que ter, forçosamente um estágio de num mínimo de 3 meses no país de cuja língua, irá futuramente ser professor. isto para além da obrigatoriedade de laboratórios de línguas, intercâmbios de alunos nas férias em cursos livres nas universidades etc e tal.

eu fui au pair, e vou por diversas vezes onde devo ir e bem vejo como a língua, como todas as outras, está em cosntante mutação.agora imagino quem nunca lá vai...

Elenáro said...

Eu já nem ia tão longe. Eu não obrigaria as pessoas a irem ao país de origem da língua.

Hoje, com a internet, consegue-se ter esses contactos à distância. Mas eu também nem sequer iria tão longe quanto isto.

Eu limitar-me-ia a estabelecer regras para o ensino das línguas. No caso do Inglês, há algumas que me parecem básicas.

O ensinar a língua com a própria língua e forçando os alunos a responderem da mesma forma. O recurso à gramática como um meio para se atingir um fim e não um fim nele próprio. Expor os alunos a filmes dos diversos países onde se fala a língua para uma confrontação de sotaques e vocabulário específico de cada um. Incentivar a que os alunos falem o mais possível através de role-playing games e "conversation classes". Isto tudo desde o começo da aprendizagem da língua.

É claro que para isto acontecer é preciso que os professores estejam à vontade com a língua. E para isso acontecer e não indo tão longe quanto as tuas propostas, eu obrigaria a que os professores de Inglês fossem obrigados a terem um mínimo de anos de aprendizagem com professores nativos e que essa aprendizagem fosse também certificada por eles. Por exemplo, porque não obriga o governo a que se faça o IELTS ou o CPE?

Em@ said...

mas isso já muitos de nós faz.
eu, por exemplo sou sócia da APPI ...mas devia generalizar-se, sim.
mas infelizmente não é so com as línguas estrangeiras que isso se passa...nem é bom falar da língua materna. viste o post que fizsobre (des)ducação?
deixo-te um beijinho.