Alegrias da minha vida...



Há coisas que eu gosto de ver. Coisas que me dão uma alegria particular. Uma alegria perversa, certamente, mas consegue sempre arrancar-me um sorriso.

Uma das coisas que em particular me dá vontade de rir é ver/ler/ouvir velhos decrépitos a invocarem a sua idade como razão para os novos os seguirem sem mais nenhum argumento. A isto dá-se o nome de argumentum ad verecundiam ou argumentum magister dixit, vulgo argumento de autoridade. Ou seja, estamos perante uma falácia. Esta falácia é uma das minhas favoritas pois atesta a imbecilidade de quem a diz e de quem a ouve e acredita.

Outra coisa que me faz esboçar, no mínimo, um sorriso é ver a direita e seus apoiantes a atacarem a esquerda e o funcionalismo público quando essas mesmas pessoas vivem do funcionalismo público. Ver alguém a defender a privatização de algo quando ela própria trabalha no público, com emprego garantido e a ganhar mais que no privado, é sempre uma coisa engraçada. Será que para se apoiar cegamente a direita envolve estar num estado de senilidade completo ou ser simplesmente burro? Estas pessoas que se atacam a elas próprias são umas das alegrias dos meus dias.

Melhor do que isto, só ver pessoas de "direita" a atacarem a "esquerda" quando foi graças a políticas de "esquerda" que chegaram ao onde chegaram e têm o emprego que têm.

Como se costuma dizer: pimenta no cú dos outros é refresco.

Agora, a verdadeira alegria, diria mesmo orgasmo intelectual, é ver uma única pessoa numa pequena argumentação, passar por estas fazes todas. Mas minto. Há uma coisa melhor: ver uma hoste de gente na mesma situação bater alegremente e euforicamente palmas ao primeiro. Isso é sim o verdadeiro orgasmo intelectual.

A única coisa que eu me pergunto é quanto intelectualmente embrutecido se tem de estar para não se perceber o ridículo em que se cai quando se fazem argumentos destes que atacam, em primeiro lugar, o argumentador?

Mas, pronto, vá. Não parem. Assim eu poupo imenso dinheiro em idas ao circo ou a espectáculos de stand-up comedy.


2 comments:

Contra.facção said...

Elenáro
É mais ou menos isso, a começar nos políticos de direita, que vivem à nossa custa (do Estado) e gostariam de ficar desempregados, porque a maioria deles não arranjaria emprego no setor privado.
O mesmo se passa com os funcionários públicos, que votam em quem defende menos Estado e que os porá na rua, logo que...
Bfs

Elenáro said...

É uma cegueira autêntica, Miguel.

Desculpa só agora ter respondido.