Mario Crespo e o JN




Mais uma vez repete-se algo semelhante com o que se passou com Manuela Moura Guedes. Desta feita é Mário Crespo ou por aí se diz que sim.

Segundo a notícia d'O Público, a Mário Crespo não foi dito que não iria mais publicar mas que aquele artigo não seria publicado. Certo que isto provoca um natural mal estar num jornalista contudo é preciso ver bem as coisas e o que Mário Crespo vem dizer, diz-lo sem provas. É o típico portuguesismo do "diz que disse". Segundo creio, em Portugal, o principio da inocência até prova em contrário ainda vigora por isso, usar boatos ou, neste caso, tomar a palavra de uma única pessoa como prova é, no mínimo demagógico e hipócrita. Demagógico porque é evidente que a palavra de ninguém faz prova de alguma coisa e hipócrita porque todos sabem que isto não é válido para todos e que só alguns (os que nos interessa) é que podem gozar deste autêntico privilégio de ser dono da verdade.

Estranhar também é o local escolhido para publicar a crónica não-publicada do dito senhor, o Instituto Sá Carneiro. Também de estranhar que estes casos partam todos de gente próxima do PSD e/ou do CDS. São coincidências interessantes as quais existem. Deve-se é guardar a devida prudência delas, quer para um lado, quer para o outro. 

Pessoalmente acho o Mário Crespo um bom jornalista mas fico-me por aí. Quando começa, o tão celebre em Portugal, jornalismo opinativo (à estilo Manuela Moura Guedes) a coisa muda de figura e aqui já acho o dito senhor menos bom (isto para não dizer péssimo). 

Mas, reconhecendo ou não as capacidades opinativas do senhor, acho que há o direito de publicarmos a nossa opinião, especialmente se já é tradição/hábito faze-lo. O que eu acho é que o JN deveria ter tido um bocadinho mais de cuidado naquilo que faz. O JN não revela (ou pelo menos ainda não li em lado nenhum) o motivo da não publicação do artigo em questão. Eu consigo perceber o porquê de não o publicar e já o mencionei antes. No entanto, quando não se é claro e se fecha desta maneira a porta na cara de alguém só porque esse alguém vai dizer algo "incómodo" a coisa muda de figura. Levantam-se suspeitas, porventura merecidas, sobre tudo e todos. 

Suspeitas sobre os senhores mencionados no artigo de Mário Crespo, suspeitas sobre influências do PSD nesta tramóia toda, suspeitas sobre o Jornal e suspeitas sobre a própria democracia Portuguesa, a qual já padece há uns anos de uma saúde vigorosa.

Por isto tudo deixo um apelo a todas a mentes sãs que não se deixem levar (para já) nesta onda de boatos, suspeitas e diz que disse, que percorre a blogosfera. Mais precisamente apelo ao bom senso das pessoas. Esperem para ver. Se Mário Crespo tem assim tanta razão e acha que foi censurado, poderá ir para tribunal com o caso. Caberá aí provar uma coisa ou outra. Julgamentos em praça pública não. 

Para além disto ainda relembro o que se passou nas últimas eleições legislativas. PSD, CDS, CDU, BE prometeram o céu e a terra a professores. Os sindicatos apelaram ao não voto no PS indo muita gente (toda ou quase toda) ligada ao PSD o voto neste mesmo partido como baluarte da democracia. PSD esse que falava em falta de democracia, liberdade de expressão e os malefícios de maiorias absolutas (curioso foi que quando lá este no poder com duas maiorias absolutas seguidas já dizia outra coisa). Falava e continua a falar só que agora só incautos é vão na conversa pois, agora com poder até para deitar abaixo o governo, o PSD falhou nas suas promessas todas. 

Aos professores vendeu gato por lebre e, no final, juntamente com os outros partidos e apoio dos sindicatos, especialmente de um senhor chamado Mário Nogueira, deixou que passasse um acordo que pouco muda e o que muda, se calhar, muda mal. Honestamente é como eu disse antes, coincidências acontecem. É preciso é colocar em questão o porquê delas acontecerem. Senão, quando se der conta, estamos a ser levados outra vez em manipulações ardilosas de gente desconhecida (dum lado e doutro) que o único interesse que tem é ir para o poleiro outra vez ou manter o que tem. Lembrem-se que estão aí eleições à porta e estes casos só aparecem em anos de eleições. Mais uma vez são as coincidências...

Na altura eu deixei o aviso para não se confiar no PSD (ou em qualquer outro partido presente na AR). Também disse para não se confiar em Mário Nogueira o qual sempre achei que não sabia bem o que andava por ali a fazer. Em ambos os casos tive razão. 

País triste este que só sabe viver no mal-dizer e na inveja. Isto tudo já fede. Se sabem das coisas levem-nas para os tribunais! Ah pois, a Justiça é lenta e funciona mal... Então ponham-na a funcionar e levem isso para lá. Isso não! Cruzes! Se os tribunais começam a funcionar rapidamente e bem não haverá muita figura pública opinativa e governativa a ficar sem um qualquer processo.

3 comments:

Em@ said...

Elenáro:
Por isso mesmo é que eu não publiquei o artigo. Também porque não sei se aquele que está no tal Inst.Sá Carneiro é o verdadeiro.
Limitei-me a publicar as noticias de 3 jornais.
Mas tudo isto me dá asco e , muito sinceramente, sem qualquer pretensão, acho que desfeia o meu Em@. Fóooooooooonix!
Beijinho

Elenáro said...

Quer isto seja manobra política quer Mário Crespo tenha 100% de razão é uma palhaçada imprópria de uma sociedade avançada.

Parece o reviver dos novos primitivos com a diferença que dantes batia-se com paus e agora joga-se com a honra e palavra das pessoas com jogadas de secretaria.

É uma palhaçada, Em@...

Eu também não publiquei o texto do Mário porque acho que não vela a pena andar aqui a lançar suspeitas. Se ele tem queixas há sítios próprios onde as apresentar.

Talvez fosse boa ideia os cidadãos desta desgraça de país aprendessem a usar os meios adequados para as suas queixas em vez de virem fazer birras e circo para as TVs.

Em@ said...

Concordo contigo. Mas fico dividida porque não pactuo com atentados à liberdade de expressão e sei quão lenta é a justiça...No entretanto esquece-se o assunto...
Mas este não é um país onde gose de viver.Eu sou uma utópica. Quero nivelar tudo por cima e vejo cada vez mais desigualdades...
Ai Elenáro!