Um vídeo interessante, excepto que a bandeira finlandesa é baseada na Cruz Nórdica que já existe desde o século XIV e a "bandeira" portuguesa era o símbolo heráldico de um Francês, o mesmo que era casado com uma Leonesa (hoje Espanhola) e, portanto, o filho deles, primeiro Rei de Portugal, era tudo menos "português" e precisou de "bater" na mãe para ter a sua "terrinha".
Depois seguem-se uns factos de "a minha pila" é maior que a tua até se chegar às armas de fogo no Japão que acabaria por destruir uma era na história da cultura japonesa bem como deu oportunidade para a construção do Império Japonês que haveria de cometer as atrocidades que cometeu na China e na Coreia. Isto para não falar de toda a história da guerra do Pacifico no contexto da Segunda Guerra Mundial.
De seguida, diz-se uma grande aldrabice: arigato é de origem portuguesa, o que é falso. Pior de tudo é que, de tanta palavra japonesa que tem origem portuguesa foram escolher aquela que não é. Podiam ter escolhido "shabon" que é sabão, ou "manto" que é manto, ou ainda "bidoro" que é vidro. Mas pronto...
A escravatura, segundo sei (posso estar enganado) foi abolida em 1761 e não em 1751 e isto para Portugal metropolitano e Índia pois no Brasil e África a escravatura só seria abolida no século seguinte. O que também não se diz é que, embora não tenha sido Portugal a criar a escravatura, fomos nós que criamos o lucrativo negócio de comércio de escravos de África para as Américas. Já agora, a Finlândia, então parte da Suécia, aboliu a escravatura em 1335, 426 anos antes.
A pena de morte também não foi Portugal o primeiro a aboli-la. Foi antes San Marino dois anos antes. Já agora, Portugal aboliu a a pena capital em 1867 para os crimes civis mas só em 1911 é que aboliria a para todos os crimes. Em 1916 voltou a ser usada para crimes de traição em tempo de guerra e só em 1976 é que seria totalmente abolida. A Finlândia fez o mesmo em 1972.
Napoleão tentou conquistar Portugal três vezes e... falhou? Ah pois... até nem houve necessidade da família real fugir para o Brasil e nem tivemos cá os Ingleses para nos ajudarem a tirá-los de cá... Está bem, é justo. Por comparação, propunha aos autores do vídeo que lessem um pouco da história das guerras pela independência da Finlândia e depois me dissessem quem fez melhor...
Colombo disse ao Rei Português o quê? Admitindo que isso é verdade, quem é que acabou por ficar com aquilo? Portugal ou Espanha?... No México fala-se português?
A do chá está muito bem. Pena que logo depois venha a do território. Portugal pode ser do tamanho da Dinamarca e Países Baixos juntos mas a Finlândia tem cerca de 3,7 vezes o tamanho de Portugal em área. Quem é que a tem maior agora?
Quanto aos templários, não vou entrar pela história. Vou apenas dizer que os autores do vídeo escusavam de ter ido buscar uma imagem do jogo Assassin's Creed como ilustrativa do facto... Diz muito acerca de quem fez o vídeo...
Nós dividimos o mundo em duas partes e ficamos com a melhor parte? Desde quando? Afinal o ouro e prata estavam na Índia? E que aproveitamos nós do que tivemos? Espanha tomou conta da parte dela e nós ficamos com quê?
No século XVIII o rendimento do Rei Português era 30 vezes superior ao Rei de Inglaterra (já agora o Rei já não era de Inglaterra mas da Grã-Bretanha)... Ah pois, ok. Mas pondo tudo o resto de parte, no final desse século, quem é que tinha o maior Império?
Depois seguem-se um conjunto de banalidades e coisas sem sentido (Festival da Eurovisão?) até que se chega à Aliança Luso-Britânica... Nós ainda a levamos a sério? Pois... Somos só mesmo nós e, com jeitinho, nem isso.
Mais outro conjunto de banalidades e do tique de inferioridade de "a minha pila é maior que a tua" e chega-se ao Magalhães, o homem não o computador. Diz o vídeo que o senhor foi o segundo português a servir na corte espanhola... Volto a repetir, corte espanhola... Não portuguesa... Certo...
Fica-se depois a saber que o homem mais famoso do país, aquele que mais contributos deu para ser mundialmente conhecido é, nada mais nada menos que um treinador de futebol... Fantástico.
Um milhão e meio de portugueses fizeram o quê depois? Mas houve alguma invasão da Indonésia que eu não me tenha apercebido? Não terá sido antes pelos apelos de Guterres a Clinton o qual pressionou o governo indonésio para sair de lá? A isto chama-se ilusão de grandeza.
A última coisa do vídeo até que foi interessante. No entanto, termino este post com a seguinte pergunta: em 2011 quem é que está a pedir um empréstimo a quem?
Da próxima vez que esta gente "chique" de Cascais queira defender Portugal, ou lá o que seja que este vídeo tenta fazer, façam uma coisa: calem-se e ide tomar uma bica à praia que estarão a fazer um melhor serviço a todos.
5 comments:
O verbo "ir" no infinitivo denunciou-te. Enquanto houver portugueses que insistem em ser mais regionalistas do que patriotas a nossa imagem global será sempre redutora. Haja paciência!
Somos um povo irremediavelmente perdido na contemplação de glórias passadas. Não temos pejo em distorcer factos históricos, fechando a vista a outros, para compor um auto-retrato lisonjeador. Fazemos gala da ignorância mais abissal, de modo a inventar mais um ou outro detalhe mitómano na nossa biografia sonhada. Inchamos de orgulho a contemplar os feitos salvíficos de um herói, esquecendo os crimes cometidos contra o mesmo povo pelo nosso Estado e por tantos de nós ao longo de tantos anos. Não nos importamos de transformar a fuga à miséria de milhares de emigrantes numa coisa boa. Aliás, temos grande facilidade em metamorfosear a desgraça em virtudes; até inventámos o género musical luso por excelência a partir deste duvidoso alicerce. Inflacionamos sem vergonha a nossa escassa caridade, de modo a amplificar o nosso sentido de importância na ordem das coisas. Conseguimos fazer tudo isto, ao que parece, à pala do erário público. Depois, queixem-se de que os gajos não nos querem emprestar um chavo.
Concordo Wegie.
Jorge
Fiquei sem perceber essa do verbo "ir" já que, depois de reler o post, não encontrei essa dito verbo conjugado da forma que referiu.
Admitindo que não se tenha enganado no post/blogue então devo começar por dizer-lhe que está a errar o alvo se julga que tenho qualquer problema com a região onde vivo, sotaque da mesma ou qualquer outra coisa relacionada com ela. Se tivesse sido mais diligente e tivesse ido ao perfil, teria reparado que o nome da minha "terrinha" está lá bem explicito.
Quanto ao nacionalismo, digo-lhe que prefiro o meu regionalismo ao seu nacionalismo bacoco. Sim, porque se pode inferir quanto ao meu tipo e qualidade de regionalismo eu posso inferir quanto às virtudes do seu nacionalismo. Nacionalismo esse que vê o regionalismo lisboeta como nacional e o regionalismo de todo o resto do país como desviante.
De facto, Jorge, haja paciência!
P.S.: A resposta anterior era essencialmente igual e este. Apaguei por questões meramente editoriais.
Adenda: Jorge, não espero que concorde comigo e espero que o Jorge não espere que eu lhe vá dizer que sim. Agora repare bem numa coisa, de tanta coisa que o post tem, o Jorge decidiu pegar naquela que menos interessa...
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