Um país que vive da inveja, insulto, calunias e intrigas - Parte 2.


- Imagem retirada daqui.

Na blogosfera, muitos são os bloguistas já aprenderam isto e multiplicam-se agora os blogues onde são reis o insulto, a injuria e onde só se diz o que é popular dizer. Nestes blogues, a opinião muda conforme o estado de espírito das pessoas ou então muda-se de tema para evitar ter que se insultar quem os apoia ou, pior ainda, elogiar quem eles anteriormente insultaram e difamaram. E ai de quem não vá na onda... Mas já lá chego.

O que importa agora, na sociedade portuguesa, já não é a verdade nem a busca das soluções. O que importa agora é arranjar-se uns bodes expiatórios para onde canalizar todas as frustrações que resultam do facto dos portugueses saberem perfeitamente que o país está no estado que está por culpa própria.

Voltamos então ao início. Para evitar a realidade, lá voltam as festas, lá se vai ao futebol ou se perde tempo a ler uma intriga qualquer. Se for não isto, vai-se para um sitio qualquer insultar tudo e todos.

Dou o exemplo dos recentes casos de bullying. Casos sérios foram ignorados até alguém morrer. Foi o aluno (que já há quem diga que não foi suicídio - o que até pode ser verdade visto que as crianças de hoje estão habituadas pelos bons exemplos dos adultos a não pensarem nas consequências do que fazem) e agora foi o Professor (que dizem que era psicologicamente frágil).

Agora repare-se no que fazem os portugueses. Uma grande parte fica-se pelos lamentos e carpe mágoas em todos os cantos da vida pública (transportes públicos, cafés, restaurantes, na rua...) e, agora mais recentemente, em blogues, fóruns, comentários em jornais online e tudo o mais que por aí anda na internet.

Os que não se vão expressar os seus lamentos, partem para o insulto de tudo e todos da forma mais vil e irrealista possível e imaginária. Poucos são os que de facto procuram solucionar o problema. Felizmente, ainda os há mas temo que sejam uma espécie em vias de extinção. Se não forem mortos pelo silêncio e inércia alheia serão trucidados pelos lamentadores e insultadores de profissão. É que se não se tratar da saúde a quem as verdades diz, a quem age no dia-a-dia para mudar as coisas, ainda se acaba a festa que Portugal vive.

Mas ainda há outra vertente mais interessante de toda esta situação que é quando os insultadores e os lamentadores profissionais são confrontados com as suas acções. Rapidamente se muda o alvo e se insulta o novo interlocutor. Quando não se consegue insultar os argumentos ou contra-argumentar, parte-se para denegrir a imagem das pessoas, parte-se para o insulto pessoal. Lá está, ainda se acaba a festa se não se fizer isto...

Repare-se ainda, que a falta de decoro das pessoas é tal que decidem insultar uns com os insultos para outros. Tudo isto é revelador do nível intelectual que grassa a sociedade portuguesa independentemente de profissão, crença, idade, cor partidária, clube de futebol, raça, sexo ou orientação sexual.

Comentários úteis, opinativos ou relatores de factos tal como eles são na realidade, sem distorções por conveniência, são poucos ou nenhuns. As pessoas perderam a noção da realidade. Demasiados Big Brothers, telenovelas e filmes do Michael Bay, certamente...

Hoje em dia, na vida e na internet opiniativa, já não importa do que se fala, só importa que dê para se insultar alguém ou falar da vida de alguém ou dizer mal de alguém. Se não for para isso, servirá para se carpir as mágoas.

E assim vai o país. Onde todos cobiçam a casa, carro e mulher/homem do vizinho/a, onde muito dificilmente se consegue falar seja do que for porque rapidamente se parte para o insulto ou lamuria. Onde a melhor conversa e a que mais apetite traz para soltar a língua é aquela onde se pode falar da vida alheia. Onde se drogam as pessoas com intrigas sobre tudo e todos.

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