Porque não tenho falado muito de educação.




Falar de qualquer coisa séria nos dias que correm em Portugal, é um exercício inútil. Insultos, intrigas, demagogias baratas... Anda tudo às avessas. Os partidos políticos brincam e gozam com a opinião pública a qual tem-se mostrado burra o suficiente para ir em cantigas, venham elas do PS, PSD ou de outro partido qualquer. 

Somos governados por gente que age de má fé e os candidatos a governantes com má fé agem. Pior, os que vão às urnas votar, votam cega e estupidamente. Votam como fidelidade à casa pois dela dependem os tachos e favores. 

Enquanto os partidos se moverem por interesses próprios e que nada têm a ver com o interesse em governar o país e a sociedade civil comer com os dejectos que lhe atiram aos ouvidos, não vale a pena discutir nada. Só valerá a pena discutir quando houver alguma intenção de resolver os problemas. Isso, prevejo, não acontecerá nos tempos mais próximos. O auto-interesse impera, a inveja governa e a falta de escrúpulos cresce a olhos vistos. Não há interesse em resolver nenhum problema muito menos os da educação. 
Os pais não podem ser chateados nem perturbados com o que se passa na escola. A única coisa que lhes interessa é as notinhas ao fim do ano e que os pirralhos não os chateiem muito. O governo, bem esse não tem interesse em resolver nada pois resolver implicava deixar de ter números bonitos para mostrar na OCDE. Finalmente os Professores. Neste grupo há de tudo. Há boa e má vontade q.b.. Infelizmente, aquilo que é comum há maioria é, seguindo as últimas tendências da moda, a preservação do auto-interesse e de terem o mínimo de incomodo possível.

Fala-se de bullying mas poucos são os que se metem ao barulho quando a situação assim o exige. Fala-se em protestos mas os únicos que houve foram contra as medidas que mexiam directa ou indirectamente no bolso dos professores. Já referi antes e volto a perguntar: manifestações por melhores manuais e programas, para quando? Os sindicatos disto não falam e todos sabem bem porquê. Os movimentos falam mas, ou falam pouco ou são pouco ouvidos. Os professores a título individual, bem ai temos uma panóplia de opiniões mas depois volta a faltar a acção.

Enquanto o país estiver com esta mentalidade e, na educação, se seguir o exemplo não vale de muito falar e propor seja o que for. É mais útil insultar-se e ir-se para as intrigas e teorias da conspiração. Honestamente até percebo. Os poucos que têm interesse em melhorar o ensino e que agem de acordo rapidamente perdem a motivação perante tamanha inércia e egoismo que se gerou. É o "um por um e todos por nenhum". 

Assim sendo, mais vale estar calado. Gostaria que me provassem que estou errado... Gostaria que, já amanhã tivesse de escrever um reparo a este post... Esperarei... Mas sentado porque tenho a impressão que de pé me cansarei.

9 comments:

Anabela Magalhães said...

É imperativo que nos recentremos... mas como o fazer com as cenas hilariantes, e sem fim à vista, que ocorrem todos os dias, neste país à beira-mar plantado?
Isto está difícil, Elenáro!

Elenáro said...

Eu sempre pensei que uma dose de bom senso era capaz de resolver alguns dos problemas...

Cada vez fico na ideia que já não há bom senso que resista, Anabela.

Martins said...

Caro Elenáro,

Bem, de crónicas de escárnio e mal-dizer está Portugal farto.
A culpa do muito do que se passa no actual panorama está na nossa atitude muito Lusitana de estar confortavelmente no exterior das coisas a debitar sapiência a uma velocidade vertiginosa.
Sim os portugueses deveriam ser os primeiros a ser considerados "Homo sapiens ao quadrado".
Os partidos políticos são, quer se goste ou não, o fulcro da nossa amada democracia e enquanto as pessoas de valor, não se mentalizarem que se querem contribuir para mudar as coisas devem-no fazer indo para dentro deles tentar fazer a diferença em contraponto com aquilo que é reconhecido como a ditadura dos "aparelhos" não vamos a lado nenhum.

Martins said...

Dizer mal do nosso sistema partidário só pode ser consequente se se tomar uma de duas atitudes:

1 - Pugnar por outro sistema seja ele qual for.

2 - Ir à luta dentro dos partidos para os melhorar e os aproximar dos justos anseios de todos.

Qualquer outra opção pode ser de certeza mais confortável mas não é solução e só adensa mais o problema ao ponto de algum dia sermos confrontados com alguma ditadura (não importa a direcção)em que aí muita gente vai sacudir a água do capote e apontar o dedo ao vizinho que por acaso é o seu semelhante...

Martins said...

Grave mesmo para além de os partidos fazerem má política é outros sem vocação para tal o tentarem fazer de maneira canhestra como é o caso dos magistrados.

Martins said...

Terminando a rajada de comentários (I beg your pardon) apenas gostaria de te dizer Elenáro que bem pior que a nossa ""educação"" anda a nossa justiça.

Um bom exemplo do que eu acho está aqui:

"Como disse Garcia Pereira quem a troco de qualquer benefício entrega uma peça processual a um jornalista é corrupto. Acrescentaria que quem tenta deitar abaixo um governo fora do quadro da luta política e recorrendo a procedimentos ilegais é fascista.

O País tem demasiados problemas para resolver, que sejam os portugueses a escolher os mais capazes. Não são cobardes fascistas que nem dão a cara que deverão decidir o futuro de Portugal. Começa a ser tempo de dizer não a este golpe fascista, começa a ser tempo de ir para a rua dizer a esses fascistas que os portugueses não têm medo de escutas, como não o tiveram dos bufos e da pide, que não receiam os julgamentos na praça pública promovidos por bufos e jornalistas de extrema-direita, como não recearam os tribunais plenários." (in Jumento)

Isto ainda vai acabar mal e o D. Sebastião que se avizinha vai durar mais do que 48 anos....

Em@ said...

Elenáro:
o bom senso foi ali e já vem...entretanto, cansei!
amanhã é outro dia e só espero que esteja sol!
beijinho

Elenáro said...

Martins

Tens razão que, na actual democracia, os partidos têm um papel crucial. Assim sendo terá de ser a partir de dentro deles que se operará alguma mudança no governar do país.

No entanto, discordo que uma democracia necessite de partidos. Isto é falso. Um país governar-se-ia igualmente bem (se calhar melhor) com listas de independentes.

Passo a explicar.

Repara se antes de se eleger os deputados como se elegem agora, em que nem sabemos bem quem é o nosso (pois são todos e não é nenhum), se os elegêssemos sabendo exactamente quem eles são (exemplo: congresso dos EUA), então saberiamos exactamente em quem votar. Melhor saberiamos quem nos representa. Essa pessoa podia ir para o parlamento defender verdadeiramente os seus valores ou os valores pelos quais foi eleito. Teria que se justificar e teria de fazer ouvir a vontade do seus eleitores. Neste caso seria extremamente fácil eleger um "independente".

Mais, ao trabalhar numa base de "independentes", teríamos a hipótese de ver representados no parlamento figuras que são eleitas pelas suas capacidades e não porque partido A ou B decidiu. E tu sabes bem quem é que chega ao topo dos partidos.

Aliás, este fenómeno de independentes a cargos de topo já se vê nas eleições presidências e nas autarcas. Repara que, nas presidências tem sido uma lufada de ar fresco no panorama eleitoral. Nas autárquicas poderia ser melhor se grande parte dos independentes não fossem "escorraçados" de partidos.

Por isso é perfeitamente possível criar um sistema democrático sem a necessidade de máquina partidária.

Mas volto a dizer, sem uma alteração de fundo, tal como as coisas estão agora a mudança terá de ocorrer dentro dos partidos primeiro. A questão que se põe aqui é que os partidos e certos lugares são só para os amigos e a partir do momento que és um "amigo" deixas que querer/poder mudar seja o que for.

E dou-te razão também na Justiça. Esse é, se calhar, o mais grave problema institucional que Portugal enfrenta. Se calhar vou falar dele num post...

Mas desde quando é que Portugal deixou de ser fascita? Quando lá esteve o PC, logo depois do 25 de Abril em que passamos a ser um wannabe comunista? Só se for.

Vou-te contar uma história. Estava eu uma vez a falar com um amigo meu num café sobre o estado da democracia do país e o que poderia ser feito para a melhorar e para mudar as coisas quando entra na conversa um senhor que se tinha sentado na mesa do lado (e ouvia atentamente a nossa conversa).

Disse ele, na linha do que nós estávamos a dizer também, que após o 25 de Abril tudo foi feito para vedar o acesso da sociedade civil ao poder politico. E repara que é verdade. Repara nas linhagens de quem manda no país, na economia, no governo, nas autarquias até... por aí fora. Repara que são pais, mães, filhos, netos, enteados, amigos, colegas de escola, colegas de negócios... E repara o que acontece a quem viola o acordo de "cavalheiros"...

Com este prisma faço-te o contraponto de, a justiça está mal e faz para que ela assim continue. Assim sendo, achas mesmo possível operar alguma mudança dentro dos partidos quando estes fazem parte do jogo?

Elenáro said...

Em@,

Já somos dois. Mas olha, hoje está sol! :)

Um bom dia para ti! :)