Não! Os portugueses não entendem!



“Aumento de impostos é absolutamente inevitável” - JN

Luís Amado acredita que "os portugueses percebem que são medidas de emergência que têm de ser adoptadas pelo Governo" e "contam, felizmente, com o apoio do maior partido da oposição que reconhece a gravidade da situação"

Não, senhor Ministro, os portugueses não percebem. Não percebem e têm razões para não perceber. Quando o PSD chegou ao governo nos tempos de Durão Barroso, os impostos eram para baixar e, já nessa altura foram "temporariamente" aumentados. O temporário tornou-se eterno. Até hoje os impostos não voltaram ao níveis pré-Durão Barroso. Sócrates, que tinha dito vezes sem conta durante a sua campanha que o levaria ao poder pela primeira vez, disse também que não aumentaria os impostos. Mal lá chegou, ficou de tal maneira assustado que teve de quebrar a promessa e aumentar os impostos dizendo que este baixariam logo que possível. O logo que possível veio na forma de uns patéticos pontos percentuais que, mesmo baixando, não ficaram, como já antes disse, ao nível que estavam pré-crise orçamental.

Note-se que a crise orçamental em Portugal já tem OITO ANOS. Desde 2002 que andamos a falar de deficit sem o conseguirmos baixar de forma sustentável. Há oito anos que seguimos sempre as mesmas receitas: corte nos aumentos salariais dos funcionários públicos e aumento dos impostos, os quais não são mais que um corte ao rendimento das famílias, muitas das quais já têm problemas que cheguem (muitas também por conta própria).

Depois de aumentos sucessivos, os quais foram sempre considerados temporários, o deficit mantém-se. Os problemas de gastos públicos não diminuem. O estado mostra-se incapaz de poupar. Como tal, e para não perder os amigos políticos, os sucessivos governos seguem a única política que sabem para escaparem à intromissão da UE e FMI nas suas governações. Tal seria trágico para os portugueses em geral mas também para eles que teriam forçosamente que cortar nas orgias orçamentais a que tanto nos habituaram.

Por isto, senhor Ministro, os portugueses não vão perceber não. Não vão perceber porque se aumenta nos impostos e porque não se corta nos salários e despesas correntes da Assembleia da República, nos gastos dos gestores públicos, nos investimentos em patéticas auto-estradas...Não vão perceber porque só se corta 5% nos salários dos detentores de cargos políticos e demais gestores públicos.

"dos ordenados dos titulares de todos os cargos políticos (autarcas, deputados, membros dos governos central e regionais), dos gestores das empresas públicas e dos dirigentes das entidades reguladores, como, por exemplo, o Banco de Portugal"
- in JN Online.

Isto não se percebe. Porque não 10% para dar o exemplo? Porque não cortar nos gastos com carros e deslocações, por exemplo? Porque não parar com estas palhaçadas em tempo de crise e não ter convidado o Papa a vir a Portugal nesta altura? Em tempos de crise convidam-se outros para passarem férias em nossa casa às nossas custas? Sabe quanto custa a segurança do senhor?

E o que ainda se percebe menos é o maior partido da oposição, anteriormente tão fiel opositor do governo, embarque agora no mesma barco. Não só não ficaram em terra como ainda foram de voo na mesma barca infernal.

Penso que chega de tentar fazer dos portugueses estúpidos. Pelo menos a mim, deixe de me fazer atentados à minha inteligência. Quem tem dois palmos de testa percebe que o que se anda a fazer é proteger os negócios e pés de meia de alguns à custa de todos. A solução para os problemas orçamentais em Portugal passa pelo corte nos gastos correntes do estado e na racionalização dos apoios sociais. Isto ter gente a receber bolsas universitárias e depois descolarem-se em carros topo de gama queixando-se ainda de que o "subsidio" não dá sequer para a gasolina tem de acabar pelo bem de todos.

Mas, de facto, tenho de dar a mão à palmatória numa coisa. Esta situação só se encontra perante os portugueses pois o zé povinho padece dos mesmo males desta gente que nos governa. Ainda ontem,  quando vinha para casa, em plena Rua Santa Catarina na baixa do Porto estava uma pedinte cega, a qual já estava a pedir dinheiro quando lá tinha passado de manhã. Quando passei por lá à hora de almoço, ela lá continuava mas agora não pedia dinheiro. Por esta altura, pareceu-me que já tinha a sua cota de esmolas do dia pois falava alegremente ao telemóvel. Tenho pena de não ter tirado uma foto pois penso que semelhante só visto, contado, poucos acreditarão.

4 comments:

Anonymous said...

se vão-nos tirar o pouco e miserável que temos...

e sem dinheiro a circular - sim porque sem dinheiro não há compras - como cresce a economia????!!!!!

Valdeir Almeida said...

Elenário,

Isso me faz lembrar do Brasil. Há alguns anos foi criado um imposto temporário, mas de medidas em medidas provisórias, acabou se tornando permanente.

Abraços e um ótimo final de semana.

Elenáro said...

Vitor

É simples... Não cresce. XD

Elenáro said...

Valdeir

Pois, aqui é a mesma coisa. O temporário tende a ficar permanente. Coisas estranhas estas...

Abraço.