Vejo com espanto os espantados e revoltados com o governo por este estar a aplicar mais medidas de austeridade. Mas alguém suspeitava que isto fosse acontecer?
Quando não se corta nas despesas supérfluas, quando não se fazem reformas na atribuição de reformas, quando não se cortam nos gastos de órgãos do Estado como a Assembleia da República, quando se insiste em sustentar uma hoste de funcionários públicos sem se saber bem onde há falta deles e onde os há a mais e, sobretudo, sem saber que rentabilidade é que os serviços têm, medidas como estas seriam apenas uma questão de tempo. Não se entenda isto contra um ataque ao funcionalismo público. Quem julga que um país funciona sem ele está enganado mas o funcionalismo público tem que ser bem administrado e tem que mostrar trabalho. Não adianta mudar as coisas no papel se na prática elas ficam iguais.
O governo, seja este ou um futuro do PSD, tem muitos amigos a quem importa pagar o dízimo e por isso não corta onde deve. Hoje há subsídios para tudo e para todos sem se pensar naqueles que são necessários para o crescimento económico e aqueles que são para, artificialmente, manter empresas e tachos. Continuamos a pagar um RSI que insiste em não apoiar quem precisa e, pior, insiste em premiar uns quando preguiçosos. Continuamos a sustentar umas EFAs e CEFs que, salvo as devidas excepções, mais não fazem que premiar também os marginais e os chicos-espertos.
Podia continuar mas não é preciso. Os diagnósticos estão mais que feitos. O problema é que nada se faz para os resolver. A questão que importa aqui colocar e que já antes referi é a seguinte: mas quem é que tem posto lá os políticos? Será que eles se nomeiam uns aos outros e ninguém me informou? É óbvio que não. Eles são eleitos. São os mesmos que agora se queixam dos seus líderes que os puseram lá. Puseram e vão por. Repare-se que se quer tirar de lá Sócrates para por Passos Coelho. Mas então expliquem-me uma coisa. Não votou Passos Coelho ao lado de Sócrates nesta treta toda de austeridade? Não é este líder deste partido político que, depois de muito espumar para as câmaras, numa reles tentativa de marcar a diferença, vota ao lado do PS de Sócrates? Não é este partido e este senhor que responsabiliza o PS pelas portagens nas SCUTs, por exemplo, mas quando questionado se vai acabar com elas diz que não? Mas andamos aqui a brincar ou será que o intelecto dos portugueses é diminuto suficiente para apenas perceber uma telenovela ou um jogo de futebol?
Um partido que apoia quem está a governar em tudo e mais alguma coisa não será, certamente, a solução. Por isso pergunto: querem tirar o Sócrates para pôr o seu irmão gémeo laranja e depois ficam espantados por os resultados serem os mesmos?
Como alguém disse: "Insanity is doing the same thing over and over again but expecting different results." (Insanidade é fazer a mesma coisa vez e outra vez e esperar resultados diferentes)
1 comment:
Pois é Elenáro!
Ainda vamos gramar com o Kadafhi, que não sei se seria melhor...
Tens razão que entre o rosa e o laranja, as diferenças são as mesmas que um daltónico percebe. Mais cinzento, menos cinzento.
Mas, como dizes, o povo é que escolhe e vamos ver amanhã se se vê alguma coisa no nevoeiro em que estamos metidos.
Alá esteja conosco!
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