Onde cai a responsabilidade da situação em que estamos?



A questão da responsabilidade política da situação em que estamos é algo que tem andado na boca do mundo. Há quem diga que é de Sócrates. Há quem diga que é Passos Coelho. Na verdade é dos dois. Ambos fizeram o jogo e acharam que uma telenovela nesta altura do campeonato era o ideal.

No entanto, Passos Coelho tem algo mais contra ele. A sua responsabilidade é maior. E é maior porquê? Bem, do Sócrates já toda a gente sabe o que pode esperar. Passos Coelho, a mais óbvia alternativa a Sócrates, tinha obrigação de ser melhor. Sócrates provoca a crise fazendo a birra do costume. Passos Coelho devia ter dito que não a Sócrates. Passos Coelho devia ter cortado o queixume de Sócrates e obriga-lo a cumprir o que já tinha prometido lá fora. Teria sido o pior que se lhe poderia ter feito pois Sócrates já percebeu que não iria conseguir cumprir os compromissos. 

Como de resto se tem falado por aí, a solução à Irlanda teria sido o melhor. Primeiro aprovava-se o PEC com mudanças ou sem mudanças. Isto teria mostrado ao mundo que nós somos gente séria, digna da confiança dos credores. Quanto mais não seja, isto iria impedir que tivéssemos de pagar ainda mais pela crise (a nossa e a deles). Mas atenção, o PEC teria sido aprovado na condição que depois se marcariam eleições para então o portugueses dizerem se querem Sócrates ou Coelho. 

Todos teriam ganho com isto especialmente Passos Coelho, o qual teria mostrado que tem sentido de estado e responsabilidade. Infelizmente, Passos Coelho demonstrou que o que tem é ambição a mais, honestidade a menos e, sobretudo, faltou visão (para não dizer inteligência) para perceber que se iria meter num buraco do qual não sairá facilmente. 

Estes políticos trauliteiros, estes políticos de bancada de futebol, estão habituados a não terem responsabilidades nenhumas e a poderem fazer o que querem. Da pior maneira, estão a descobrir que as coisas não são assim. Apesar disto, no final de tudo, seremos nós a pagar a factura do circo deles. Desculpem, mas perante isto, espanta-me que haja quem diga que lhes está agradecido.



Já agora, teria sido importante o senhor Presidente da República merecer o dinheiro que lhe pagamos e ter agido para por ordem no chiqueiro que se tornou o Parlamento. Infelizmente, Cavaco Silva, como de resto já nos habitou, passeia por aqui e por ali, visita o facebook, visita a sua página web mas esquece-se das suas funções como Presidente.

Sem dúvida que os portugueses, amantes de telenovelas e jogos de futebol, especialmente aqueles que dão azo a intrigas e mal-dizer, merecem bem os políticos que têm.

2 comments:

Gorete said...

Boa análise.

Elenáro said...

Olá Gorete!

Obrigado.