Depois de ler um post sobre a Educação Sexual nas escolas no ProfAvaliação, fiquei com a sensação de que os verdadeiros problemas do tema e da disciplina estão nos docentes. O post pode ser acedido aqui.Vou fazer uso de uma citação do mesmo para desenvolver o post.
"Quando se fala demais, o sexo perde a graça. Tenho até a ideia de que, de sexo, não se fala: faz-se. Quando se começa cedo demais, o sexo é perigoso. Falar de sexo a crianças do 1º CEB é abrir-lhes uma porta para um território que elas não estão em condições de percorrer. Nem devem."
Ora bem, "quando se fala demais, o sexo perde a graça". Se me estão falar de estar a ter conversas durante o acto, ai certamente. Nada pior que uma gralha a falar de sabe-se lá às vezes do quê para estragar o clima.
Parando com a ironia agora e falando sério, não falar de sexo é que é perigoso. Senão vejamos:
1- Para os jovens é obrigá-los a trilhar um caminho do qual não sabem, não têm experiência e só aprenderam "experimentando". Se experimentarem sem estarem informados correrão riscos incomportáveis para a sua sua e para a saúdes dos seus parceiros e parceiras. Dizer que falar de sexo é perigoso é deixar de parte todas as ISTs. Isto para não falar que, deixando de parte as ISTs também certamente se vai deixar de parte o uso de preservativo. Vai daí, vêm daí as gravidezes indesejadas.
2- Partindo para um âmbito mais alargado e fora da Educação Sexual nas escolas, não falar de sexo, em mais casos do que se julga é acabar prematuramente com casamentos. Muitos casais por aí têm problemas sexuais e, se "de sexo, não se fala: faz-se", como não se fala, não se resolvem os problemas, logo não se faz. Conclusão, aumenta a probabilidade de uma relação extra conjugal por parte de uns dos conjugues.
3- Não falar de sexo é também, no seguimento do ponto anterior, é não falar dos problemas que muitos homens (especialmente) e a muitas mulheres têm. Estou a falar de disfunções sexuais, por exemplo.
Se se começar a falar desde cedo, através da Educação Sexual nas escolas, dos problemas de saúde inerentes à vida sexual, os pontos anteriormente citados ficarão minimizados.
Na infância aprender-se-á as bases de funcionamento do corpo humano, diferenças entre homem e mulher. Isto servirá para, na adolescência, haver um conhecimento do corpo do outro e uma melhor e mais saudável vida sexual. Nesta fase, o esclarecimento sobre prevenção de ISTs e possíveis questões médicas relacionadas com disfunções sexuais, etc... irá proporcionar ainda mais um estilo de vida sexual isento (ou pelo menos de risco reduzido) de problemas. Tendo esta aprendizagem, quando adultos, os homens e mulheres de amanhã saberão resolver atempadamente os seus problemas de natureza sexual antes que eles se tornem factores de inibição social. O facto de, através do esclarecimento, os adolescentes terem ganho hábitos saudáveis (uso adequado de preservativo, uso correcto das várias pílulas, etc...) irão ser propagados à sua vida adulta.
Conclusão, falar de sexo é antes uma mais valia para o futuro. É poder-se gozar em total plenitude de uma vida sexual saudável.
Por isto, o comentário da publicação do blogue ProfAvaliação, parece-me arcaica e potenciadora de perigos para a vida futura das crianças que serão os adultos de amanha. É propagar a ignorância e o tabu sobre algo que toda a gente faz. É como já me disseram: a sociedade de hoje fala, mostra e maravilha-se com leis de porte de arma que matam gente. Fala-se e mostra-se violência em todo o lado. Isto é algo que poucos fazem por muito que se queira mostrar. Mas, no entanto, de sexo, que é algo que TODOS fazem, não se pode falar. É tabu. Isto é mentalidade de uma sociedade que aprendeu bem demais as lições do Salazarismo quando apoiado na sua moleta favorita a Igreja Católica. É mentalidade de uma sociedade retrógrada.
Note-se que nem sequer foi preciso entrar por esses caminhos que tanta alergia fazem a tanta gente que é a orientação sexual. Só com três rápidos pontos foi possível desmistificar uma linha de raciocínio deste género. Já agora, a Educação Sexual, enquanto esclarecimento sobre a sexualidade tem, neste ponto, um factor potenciador de eliminação da discriminação, fruto também da mesma fonte pudica que desde há séculos, controla e manipula as mentes da sociedade: a Igreja Católica.
Talvez fosse altura de todos deixarmos este puritanismos baratos e intelectualmente arcaicos, e passarmos a desfrutar todos de uma vida sexual mais livre (não significa promiscua), tolerante e, sobretudo, saudável.
Deixo um link para a Wikipédia (versão inglesa) sobre as diferentes formas de educação sexual nos diferentes países. Na Suécia a educação sexual existe desde 1956 para crianças dos 7 aos 10 anos.
Chamo também a atenção para a página 8 (Part 1; 3. Building support for sexuality education) do estudo referenciado no post, A UNESCO elaborou um guia para a educação sexual, onde se encontra uma tabela com as principais preocupações (eu chamaria aquilo preconceitos mas...) resultantes da Educação Sexual e algumas respostas esclarecedoras.
"Quando se fala demais, o sexo perde a graça. Tenho até a ideia de que, de sexo, não se fala: faz-se. Quando se começa cedo demais, o sexo é perigoso. Falar de sexo a crianças do 1º CEB é abrir-lhes uma porta para um território que elas não estão em condições de percorrer. Nem devem."
Ora bem, "quando se fala demais, o sexo perde a graça". Se me estão falar de estar a ter conversas durante o acto, ai certamente. Nada pior que uma gralha a falar de sabe-se lá às vezes do quê para estragar o clima.
Parando com a ironia agora e falando sério, não falar de sexo é que é perigoso. Senão vejamos:
1- Para os jovens é obrigá-los a trilhar um caminho do qual não sabem, não têm experiência e só aprenderam "experimentando". Se experimentarem sem estarem informados correrão riscos incomportáveis para a sua sua e para a saúdes dos seus parceiros e parceiras. Dizer que falar de sexo é perigoso é deixar de parte todas as ISTs. Isto para não falar que, deixando de parte as ISTs também certamente se vai deixar de parte o uso de preservativo. Vai daí, vêm daí as gravidezes indesejadas.
2- Partindo para um âmbito mais alargado e fora da Educação Sexual nas escolas, não falar de sexo, em mais casos do que se julga é acabar prematuramente com casamentos. Muitos casais por aí têm problemas sexuais e, se "de sexo, não se fala: faz-se", como não se fala, não se resolvem os problemas, logo não se faz. Conclusão, aumenta a probabilidade de uma relação extra conjugal por parte de uns dos conjugues.
3- Não falar de sexo é também, no seguimento do ponto anterior, é não falar dos problemas que muitos homens (especialmente) e a muitas mulheres têm. Estou a falar de disfunções sexuais, por exemplo.
Se se começar a falar desde cedo, através da Educação Sexual nas escolas, dos problemas de saúde inerentes à vida sexual, os pontos anteriormente citados ficarão minimizados.
Na infância aprender-se-á as bases de funcionamento do corpo humano, diferenças entre homem e mulher. Isto servirá para, na adolescência, haver um conhecimento do corpo do outro e uma melhor e mais saudável vida sexual. Nesta fase, o esclarecimento sobre prevenção de ISTs e possíveis questões médicas relacionadas com disfunções sexuais, etc... irá proporcionar ainda mais um estilo de vida sexual isento (ou pelo menos de risco reduzido) de problemas. Tendo esta aprendizagem, quando adultos, os homens e mulheres de amanhã saberão resolver atempadamente os seus problemas de natureza sexual antes que eles se tornem factores de inibição social. O facto de, através do esclarecimento, os adolescentes terem ganho hábitos saudáveis (uso adequado de preservativo, uso correcto das várias pílulas, etc...) irão ser propagados à sua vida adulta.
Conclusão, falar de sexo é antes uma mais valia para o futuro. É poder-se gozar em total plenitude de uma vida sexual saudável.
Por isto, o comentário da publicação do blogue ProfAvaliação, parece-me arcaica e potenciadora de perigos para a vida futura das crianças que serão os adultos de amanha. É propagar a ignorância e o tabu sobre algo que toda a gente faz. É como já me disseram: a sociedade de hoje fala, mostra e maravilha-se com leis de porte de arma que matam gente. Fala-se e mostra-se violência em todo o lado. Isto é algo que poucos fazem por muito que se queira mostrar. Mas, no entanto, de sexo, que é algo que TODOS fazem, não se pode falar. É tabu. Isto é mentalidade de uma sociedade que aprendeu bem demais as lições do Salazarismo quando apoiado na sua moleta favorita a Igreja Católica. É mentalidade de uma sociedade retrógrada.
Note-se que nem sequer foi preciso entrar por esses caminhos que tanta alergia fazem a tanta gente que é a orientação sexual. Só com três rápidos pontos foi possível desmistificar uma linha de raciocínio deste género. Já agora, a Educação Sexual, enquanto esclarecimento sobre a sexualidade tem, neste ponto, um factor potenciador de eliminação da discriminação, fruto também da mesma fonte pudica que desde há séculos, controla e manipula as mentes da sociedade: a Igreja Católica.
Talvez fosse altura de todos deixarmos este puritanismos baratos e intelectualmente arcaicos, e passarmos a desfrutar todos de uma vida sexual mais livre (não significa promiscua), tolerante e, sobretudo, saudável.
Deixo um link para a Wikipédia (versão inglesa) sobre as diferentes formas de educação sexual nos diferentes países. Na Suécia a educação sexual existe desde 1956 para crianças dos 7 aos 10 anos.
Chamo também a atenção para a página 8 (Part 1; 3. Building support for sexuality education) do estudo referenciado no post, A UNESCO elaborou um guia para a educação sexual, onde se encontra uma tabela com as principais preocupações (eu chamaria aquilo preconceitos mas...) resultantes da Educação Sexual e algumas respostas esclarecedoras.
4 comments:
Elenáro
Linkei o teu post no ProfAvaliação
Ok Ramiro, sem problema. Obrigado!
"Os homens também a diferença está que as mulheres preferem debater as coisas até à morte por desidratação devido à constante necessidade de produção de saliva.
Os homens vão logo à mala do carro buscar o taco de basebol. XD
Perdoem a caricatura. Não resisti. :P"
Retirei este teu comentário, do profavaliação e colei-o aqui para exemplificar a minha tese de que ainda não estamos preparados para tratar o tema da educação sexual com crianças...
E eu não percebi onde é que isso se encaixa na educação sexual. É a mesma coisa que dizer que o Zé Povinho é uma caricatura fiel do povo Português.
Caricaturas são uma coisa, realidade é outra.
Mas há uma coisa que gostava de acrescentar. Tomando como verdadeira a premissa que não estamos preparados para tratar o tema da educação sexual (da qual eu desde já me excluo pois sinto-me preparado dentro dos conhecimentos que tenho), então nunca iremos estar se continuarmos a dizer que não estamos e nada se fizer.
Se não estamos há que passar a estar. Formações e quebra de preconceitos são os caminhos. Formação para quem quer falar e não sabe como e quebra de preconceitos para quem teima em puritanismos que nem os próprios vivem.
Parece-me que estamos a copiar ali os EUA. Não se pode falar de sexo às crianças e tudo que mostre um simples seio de uma mulher em horário nobre na TV é censurado. Contudo, os EUA são o maior produtor e consumidor de pornografia do mundo. É o puritanismo à Americana.
Agora temos o puritanismo à Portuguesa. Somos estúpidos, incultos e, sobretudo, muito pudicos, mas só para a vista dos outros.
Casos de pedofilia e violações dentro das próprias famílias chovem todos os dias se for preciso. Casos de infidelidade é algo a que todos já nos habituamos ao ponto de fazermos chacota de uma situação séria. Homossexualidade, somos todos muito tolerantes enquanto o problema for dos outros. Adolescentes grávidas, lamentamos, coitadinhas não tinham juízo e foram levadas pelos perversos dos rapazes.
Somos muito pudicos mesmo, mas somos o país (ou um dos) com mais casos de infecções pelo vírus da sida da UE (segundo sei). Claro exemplo do quanto nós valorizamos o sexo "indoor".
Vamos é deixar estes falsos puritanismos, ou puritanismos para inglês ver e passar à acção através da prevenção. E como é que se previne? Educando.
O que eu acho é que, de facto, não são as crianças a precisar de educação sexual. Quem precisa dela são os adultos.
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