O dia depois das eleições legislativas 2009 - Educação


Como tinha dito vou agora iniciar uma série (espero eu) de posts sobre o que penso que vai ou deverá (ou deveria) ser o caminho para o futuro em determinadas áreas. Começo pela educação pois foi onde mais contestação e problemas houve.

Os professores e seus sindicatos e movimentos, queriam uma mudança das políticas. Tal não seria possível no anterior panorama político mas será que neste vai ser? Penso que o problema não se tratou apenas de uma questão de quem está no poder mas sim da falta de visão e direcção dos sindicatos que enveredaram por caminhos que só acabaram por prejudicar as suas próprias lutas e os interesses dos professores, estes com repercussões no resto do sistema educativo. Parafraseando alguns comentadores televisivos, faltou-lhes visão de conjunto e, sobretudo, propostas sérias como alternativas às do governo.

Na anterior conjuntura, pressão sobre um governo com maioria absoluta era difícil pois implicaria que se trouxesse a sociedade em geral para a luta coisa que os sindicatos não o fizeram. Quando o conseguiram fizeram com a opinião publica se virasse contra eles (fruto do mau trabalho dos sindicatos que pecaram no que diziam e na maneira como diziam as coisas, tendo entregando de bandeja as armas às governo).

No actual panorama da AR, os sindicatos ganharam poder de reivindicação devido ao PS ter que forçosamente negociar com o CDS ou BE e CDU. Estes partidos tudo farão para capitalizar votos o que leva, em última análise, a um aumento de força da posição dos docentes sendo mais fácil levar avante as alterações e correcções necessárias às políticas educativas.

Contudo, acrescento que os sindicatos, com a mobilização que geraram e com um maior poder negocial terão uma hipótese de ouro para tratar dos assuntos que dizem respeito à situação dos professores mas também iniciar e propor medidas que melhorem a educação no seu todo. Falo de uma melhoria dos programas, uma melhoria na qualidade e preço dos manuais bem como um maior e mais fácil acesso aos menos pelas famílias carenciadas... Só para citar alguns. É uma hipótese de ouro para haver uma visão de fundo e a longo prazo do futuro da educação em Portugal.

Os sindicatos servirão os seus próprios interesses se nesta altura (legislatura) aproveitarem a hipótese para tomarem rédeas ao futuro. Mais que uma defesa de "classe" o país precisa de propostas sérias e com visão. Se os sindicatos se virarem para o seu próprio interesse e da sua classe sem considerarem os problemas gerais, a educação ficará na mesma e apenas se conseguirá defender o status quo e inercia que tanto mal fez à educação.

O mesmo digo em relação às associações de pais que têm de largar os ataques sem sentido aos professores que mais não servem em muitos casos para desculpabilizar a responsabilidade dos encarregados de educação para com os seus filhos.

Ainda acrescento que os partidos, enquanto legisladores, terão de deixar populismos e demagogias e entrar numa verdadeira onda negocial para o bem comum que é a educação.

Está na altura de os sindicatos serem construtores de um propostas e não simples críticos grevistas movidos por interesses de corporativismo. Está na altura de os país perceberem que os filhos são deles e faz parte do seu dever proporcionar-lhes a melhor educação possível; o tempo de desresponsabilização ou de deixar aos outros o trabalho de educadores que compete a quem filhos teve (caso contrário não deveriam tê-los tido em primeiro lugar). Sobretudo, está na altura dos políticos viverem à altura das suas responsabilidades.

A oportunidade está aí. Há que aproveitá-la. Se todos fizerem mais do mesmo, perder-se-á a oportunidade de fazer algo de novo e útil, ficando tudo na mesma.


5 comments:

jad said...

Absolutamente de acordo, Elenáro. Também eu tenho reservas quanto à acção passada e futura dos sindicatos da educação em relação ao que mais interessa: a defesa e valorização do ensinar e do aprender como actividade central do nosso progresso colectivo. Receio que, como diz, se perca a oportuinidade e fique tudo na mesma.

Elenáro said...

Esse também é o meu medo. Medo que se faça "business as usual" e nada se resolva.

Empurrar p'ra frente com a barriga como se diz.

jad said...

Pois!

Margarida Cruz e Silva said...

Elenáro,

só agora estou a fazer uma leitura dos blogs das duas últimas semana.

Concordo com tudo aquilo que dizes relativamente à Educação e aos Sindicatos.

Espero que tenham aprendido alguma coisa quanto à postura a adquirir no futuro e a propostas a apresentar. Também me agradaria ver muitos dos que estão como dirigentes voltarem às escolas e deixarem a política para quem de facto. Ou então que optem por ser professores ou dirigentes (políticos).

Aos professores deve caber a função principal de ensinar.

Abraço.

Elenáro said...

Olá Margarida.

Bem-vinda de volta.

A tua ultima frase diz e resume tudo: "Aos professores deve caber a função principal de ensinar."

Abraço.