Queixas e queixumes



Microsoft apresenta na UE queixa contra Google - Economia - DN

"De acordo com o Internationl Herald Tribune, a Microsoft vai acusar a Google de reter informação técnica, nomeadamente no acesso ao Youtube, de travar o avanço do sistema operativo da Microsoft para telemóveis (Windows Phone) e de limitar o acesso ao motor de busca Bing. Além disso, a Google será acusada de assinar contratos de publicidade anti-concorrenciais com os seus clientes."
- Fonte: DN Online
acedido pela última vez a 31 de Março 2011.

É tão bonito quando somos nós a fazer aos outros... Agora quando são outros a fazerem-nos a nós...

Coisas da economia



Défice atinge 8,6% em 2010 - Economia - DN

Esta coisa de mudar as regras do jogo a meio da partida tem muito que se lhe diga e não deixa de ser curiosa a altura em que tal é feito.

Curioso também é o esta gente com cursos de economia e gestão de contas inventa. Uma família tem que incluir tudo o que recebe e tudo o que gasta no seu orçamento. Se recebe menos do que gasta fica com dívidas. Se não consegue pagar as dívidas é penhorada sem dó nem piedade pelos bancos e pelos próprios Estados.

Agora veja-se bem como são geridos os bancos e demais empresas e, sobretudo, os Estados. Há gastos que não são bem gastos e como tal não são incluídos nas contas. Há receitas que não o são mas aparecem nas contas como tal. Os bancos, as grandes empresas e os Estados devem rios de dinheiro uns aos outros mas, maravilha das maravilhas, raramente (se alguma vez) são penhorados. Os bancos e outras instituições financeiras, depois de gastarem o que têm e o que não têm ainda têm o privilégio de serem "salvos" a custo quase zero pelo dinheiro dos outros. As empresas públicas continuam a gastarem irracionalmente os seus recursos financeiros sendo preciso que todos os anos se ponha lá mais dinheiro dos outros.

Mas tudo muda outra vez quando se fala dos Estados. Estes não podem propriamente falir pois uma empresa ou outro Estado não pode penhorar bens Estatais nem tomar conta de um país. A solução passa por se "salvar" o dito Estado emprestando-lhe dinheiro mas com muitas condições e com juros compensatórios para os credores. 

No meio disto tudo, nota-se um padrão: só se paga juros e só se vai há falência quando o dinheiro é dos outros. Estes outros que eu falo são os contribuintes, os trabalhadores, aqueles que fazem e compram bens e serviços das empresas e bancos. Só estes, ou coisas que funcionam exclusivamente com dinheiro deles, é que podem ir à falência, penhorados e para serem salvos têm de pagar juros altíssimos. 
Esta maravilhosa economia e regras contabilistas que os nossos economistas e afins inventam são uma coisa fantástica. Economia moderna? Bolas! Tragam-me uma de volta as economias feudais onde os ricos e poderosos roubavam mas ao menos não tinham o desplante de inventarem outros nomes para isso nem precisavam de uma profissão que se dedica-se a essa árdua tarefa de tentar dizer aquilo que não é.

Isto não é Estado Social. É Estado Chulista.



Aumentos das rendas em bairro social podem chegar aos 600% - JN

Repare-se nos seguintes excertos do artigo do JN online acima linkado.

Leia-se este:

"Gorete Monteiro justifica os aumentos com o facto de 49 dos 79 agregados familiares residentes no bairro apresentarem actualmente rendimentos anuais superiores a 20 mil euros" e, por isso, "não cumprirem os requisitos enquadráveis na legislação em vigor"."

E agora este:

"Segundo um levantamento realizado pela autarquia, naquele bairro social a renda mais alta atual é de 26,98 euros e a mínima de 3,99 euros, apesar de alguns agregados terem rendimentos anuais declarados superiores a 30 mil euros."

Isto não é Estado Social. Isto é Estado Chulista. Quando se mantém pessoas que auferem rendimentos bem dentro da média nacional em casas feitas para quem não pode está-se a chular quem trabalha, paga impostos e no final ainda tem de pagar renda ou prestação da casa. Isto é sustentar malandros. Não admira por isso que tenhamos a despesa pública que temos. É que sustentar esta horde de RSIs, CNOs e gente a ganhar bem mas a pagar renda em habituação social por forma que quase a tem de graça não fica nada barato. Depois não há dinheiro para aquilo que é verdadeiramente preciso.

Enquanto se insistir em sustentar malandros, seja de que forma for e onde for, a troco de votos nunca iremos a lado nenhum. Sobrecarregamos quem trabalha, paga e nada recebe e, consequentemente, faz a economia andar para a frente para sustentar quem não pode mas quer viver no luxo.

Rendimentos de 20 mil a 30 mil euros e vivem em habitação social? Aumento de 600% e mesmo assim ficam a pagar 156 euros por mês de renda? Vivem nos centros urbanos ou lá próximos, um luxo hoje em dia, já que o mercado de arrendamento para essas zonas não tem rendas inferiores a 300€. 

Depois disto só me apetece dizer para irem todos dar uma curva ao bilhar grande! 

Aviso amigo da Irlanda a Portugal

Transcrevo aqui uma carta publicada no Sunday Telegraph onde a Irlanda avisa Portugal do que irá acontecer se entrar aqui o FMI. Por ser exausta e por a grande maioria perceber Inglês, optei por não a traduzir. Sublinhei, contudo, as partes que me pareceram mais interessantes. Para os que precisarem de tradução, sugiro o Google Tradutor, o qual oferece boa qualidade.



Dear Portugal, this is Ireland here. I know we don't know each other very well, though I hear some of our developers are down with you riding out the recession.

They could be there for a while. Anyway, I don't mean to intrude but I've been reading about you in the papers and it strikes me that I might be able to offer you a bit of advice on where you are at and what lies ahead. As the joke now goes, what's the difference between Portugal and Ireland? Five letters and six months.

Anyway, I notice now that you are under pressure to accept a bailout but your politicians are claiming to be determined not to take it. It will, they say, be over their dead bodies. In my experience that means you'll be getting a bailout soon, probably on a Sunday. First let me give you a tip on the nuances of the English language. Given that English is your second language, you may think that the words 'bailout' and 'aid' imply that you will be getting help from our European brethren to get you out of your current difficulties. English is our first language and that's what we thought bailout and aid meant. Allow me to warn you, not only will this bailout, when it is inevit-ably forced on you, not get you out of your current troubles, it will actually prolong your troubles for generations to come.

For this you will be expected to be grateful. If you want to look up the proper Portuguese for bailout, I would suggest you get your English-Portuguese dictionary and look up words like: moneylending, usury, subprime mortgage, rip-off. This will give you a more accurate translation of what will be happening you.

I see also that you are going to change your government in the next couple of months. You will forgive me that I allowed myself a little smile about that. By all means do put a fresh coat of paint over the subsidence cracks in your economy. And by all means enjoy the smell of fresh paint for a while.

We got ourselves a new Government too and it is a nice diversion for a few weeks. What you will find is that the new government will come in amidst a slight euphoria from the people. The new government will have made all kinds of promises during the election campaign about burning bondholders and whatnot and the EU will smile benignly on while all that loose talk goes on.

Then, when your government gets in, they will initially go out to Europe and throw some shapes. You might even win a few sports games against your old enemy, whoever that is, and you may attract visits from foreign dignitaries like the Pope and that. There will be a real feel-good vibe in the air as everyone takes refuge in a bit of delusion for a while.

And enjoy all that while you can, Portugal. Because reality will be waiting to intrude again when all the fun dies down. The upside of it all is that the price of a game of golf has become very competitive here. Hopefully the same happens down there and we look forward to seeing you then.

Love, Ireland.

Sunday Independent

last accessed on March 30 2011

Sindicato quer suspender avaliação dos funcionários públicos - JN




Sindicato quer suspender avaliação dos funcionários públicos - JN

A isto se chama espírito de solidariedade e de sacrifício! Vejam bem o que uns fazem pelos outros, huh?!

É por estas e por outras iguais que não iremos a lado nenhum senão para a mão dos estrangeiros sejam eles países como Espanha ou Alemanha, ou organizações como o FMI! Assim, com um povo destes que só sabe defender os seus privilégios em vez de ir à luta, um povo que se contenta a viver com "pão e circo" iremos ser pobres ad eternum. 
Será que as pessoas não percebem o quanto ridículas são ou simplesmente não se importam?

Escola portuguesa "melhorou em termos de equidade" - JN



Escola portuguesa "melhorou em termos de equidade" - JN

Obviamente! Quando se limita os com capacidade para irem longe à velocidade daqueles que querem ficar à sombra da bananeira, não podia haver outro resultado senão a melhoria da equidade!

Os rostos da desgraça Portuguesa

O que fugiu depois de ter deixado o país na corda bamba.


O que deixa o país pior do que o encontrou.


O que quer ser como Sócrates e não sabe como e que poderá entrar para o governo para tirar país de uma crise de credibilidade externa que ele próprio criou.


O que vendeu o país à CEE a troco de dinheiro enquanto Primeiro-Ministro e que se esquece de ser Presidente da República.


O responsável pelos anteriores terem sido eleitos.

Onde cai a responsabilidade da situação em que estamos?



A questão da responsabilidade política da situação em que estamos é algo que tem andado na boca do mundo. Há quem diga que é de Sócrates. Há quem diga que é Passos Coelho. Na verdade é dos dois. Ambos fizeram o jogo e acharam que uma telenovela nesta altura do campeonato era o ideal.

No entanto, Passos Coelho tem algo mais contra ele. A sua responsabilidade é maior. E é maior porquê? Bem, do Sócrates já toda a gente sabe o que pode esperar. Passos Coelho, a mais óbvia alternativa a Sócrates, tinha obrigação de ser melhor. Sócrates provoca a crise fazendo a birra do costume. Passos Coelho devia ter dito que não a Sócrates. Passos Coelho devia ter cortado o queixume de Sócrates e obriga-lo a cumprir o que já tinha prometido lá fora. Teria sido o pior que se lhe poderia ter feito pois Sócrates já percebeu que não iria conseguir cumprir os compromissos. 

Como de resto se tem falado por aí, a solução à Irlanda teria sido o melhor. Primeiro aprovava-se o PEC com mudanças ou sem mudanças. Isto teria mostrado ao mundo que nós somos gente séria, digna da confiança dos credores. Quanto mais não seja, isto iria impedir que tivéssemos de pagar ainda mais pela crise (a nossa e a deles). Mas atenção, o PEC teria sido aprovado na condição que depois se marcariam eleições para então o portugueses dizerem se querem Sócrates ou Coelho. 

Todos teriam ganho com isto especialmente Passos Coelho, o qual teria mostrado que tem sentido de estado e responsabilidade. Infelizmente, Passos Coelho demonstrou que o que tem é ambição a mais, honestidade a menos e, sobretudo, faltou visão (para não dizer inteligência) para perceber que se iria meter num buraco do qual não sairá facilmente. 

Estes políticos trauliteiros, estes políticos de bancada de futebol, estão habituados a não terem responsabilidades nenhumas e a poderem fazer o que querem. Da pior maneira, estão a descobrir que as coisas não são assim. Apesar disto, no final de tudo, seremos nós a pagar a factura do circo deles. Desculpem, mas perante isto, espanta-me que haja quem diga que lhes está agradecido.



Já agora, teria sido importante o senhor Presidente da República merecer o dinheiro que lhe pagamos e ter agido para por ordem no chiqueiro que se tornou o Parlamento. Infelizmente, Cavaco Silva, como de resto já nos habitou, passeia por aqui e por ali, visita o facebook, visita a sua página web mas esquece-se das suas funções como Presidente.

Sem dúvida que os portugueses, amantes de telenovelas e jogos de futebol, especialmente aqueles que dão azo a intrigas e mal-dizer, merecem bem os políticos que têm.

Palhaçada à portuguesa

 

Passos Coelho queria um PEC ainda mais duro - JN

AH BOM! Agora está explicado! Afinal Sócrates não era mau suficiente. Afinal Sócrates ainda não tinha roubado, sim roubado, o suficiente a classe média. Afinal, caso fosse governo, Passos Coelho teria feito bem pior. Teria cortado mais os salários e pensões. Teria aumentado ainda mais os impostos para quem já está com a corda ao pescoço. Em suma, teria dado cabo ainda mais da economia nacional.

Passos, o homem corajoso que derrubou Sócrates, cada vez se mostra mais o líder idiota que não percebe bem o que faz e diz ou então que mente e aldraba quem o ouve. Passos começou por atacar o PEC. Depois de Merkel lhe ter dado nas orelhas, Passos não volta atrás no que diz como ainda lhe faz a devida vénia. Aliás, estou convencido que Passos fará ainda mais depressa o que Merkel lhe diz do que Sócrates tem feito até agora.

Enfim, gostava de saber se ainda há muita gente a achar que valeu a pena ser o palhaço da Europa, arruinar o que restava da economia Portuguesa, forçar necessariamente (se tal já não era necessário antes) um resgate que será ainda mais ruinoso para o país e perder toda e qualquer credibilidade enquanto nação para tirar de lá Sócrates... Mais ainda, ouvindo o que hoje ouvi durante o dia, estou convencido que esta palhaçada política vai levar a que tudo fique na mesma ao nível de votos na Assembleia da República.

Caso o PS volte a ganhar, o que se fará então? Destruiu-se um país para quê exactamente? 

Tira-se Sócrates, mantém-se as políticas



Hoje começam todos a cair na realidade politico-económica do país real. Todos festejaram por se tirar de lá Sócrates. Eu não posso dizer que tenha ficado minimamente entristecido por tal acontecimento também. Contudo, avisei desde logo que isto era uma brincadeira de trauliteiros políticos sem o mínimo de inteligência para perceberem no buraco que nos estavam a meter a todos.

No imediato já vamos pagar mais juros pelo dinheiro que precisamos que nos emprestem agora. Os investidores e especuladores ficam cada vez mais convencidos que Portugal não é um país sério no qual se possa confiar. Nos negócios, a confiança é algo que não tem preço e nós mostramos que não temos confiança a oferecer.

Depois, também começam a cair as ilusões de que as coisas mudariam com a saída do governo. Quem julgava que se ia tirar Sócrates e que isso iria mudar as políticas enganou-se. Passos Coelho, que entrou a matar, já tinha mandado recado por Ferreira Leite no parlamento que o problema não eram os cortes nos salários e nas reformas e menos ainda o aumento de impostos. O problema estava em que não eram eles a fazerem isso. Credibilidade, ou falta dela, diz Passos Coelho. Pois bem, Sócrates perdeu a credibilidade porque chegou a ser Primeiro-Ministro. Já o líder do PSD, ainda não foi eleito (e ver-se-á se o será) e já está sem credibilidade nacional e internacional.

Lá fora ninguém percebe muito bem o que se passou e o que andam os responsáveis políticos portugueses a fazer. Perguntam-se quem são estes senhores que se lixam a eles próprios e os lixam a eles e aos seus países também. 

Cá dentro acreditava-se que Passos Coelho iria ser diferente de Sócrates, já que era essa a imagem e mensagem que fazia passar. Pois bem, a primeira coisa que faz é dizer, mesmo antes do governo ser demissionário, que o problema não era o PEC. Depois do governo ficar demissionário, a primeira coisa que anuncia é que vai aumentar o IVA. Como o aumento do IVA não vai ser suficiente para tapar a cratera orçamental, não tardará a anunciar que afinal vai mesmo ter que cortar na despesa (salários, pensões e no social) ou subir ainda mais outros impostos. Para além disto, diz que discorda de Merkel mas cada vez que abre a boca é para dizer que ela tem razão e que fará o que tinha sido prometido. Em resumo, será José Sócrates versão Passos Coelho. 

Com todas estas cambalhotas discursivas e opinativas, é com dificuldade que vejo alguma diferença entre ter lá Sócrates ou Coelho. Além disto, caso Passos Coelho venha a ser o próximo Primeiro-Ministro, o que ainda não é garantido, teremos um chefe de governo que será olhado por quem tem o dinheiro que nós neste momento até precisamos com muita desconfiança e como alguém que não olha a meios para atingir os seus fins, ou seja, alguém com um ambição sem limites. Será muito dificil negociar e ter qualquer tipo de benesses com um ponto de partida destes.

E isto é apenas a realidade a formar-se. Com o tempo, e como tinha antes dito, a alegria de ontem, que hoje já deve ser mais dúvida, será tristeza amanhã.

Parlamento sem competência para revogar ADD? Como disse?

PS diz que Parlamento "não tem competência" para revogar avaliação dos professores - JN

Embora ache que a nova avaliação poderá não ser melhor que a actual, duma coisa estou certo. A esta atitude do PS chama-se mau perder.

ADD do PS vai fora... ou irá?


Oposição vai revogar avaliação de desempenho dos professores - JN
Uma notícia que não é boa nem má. E porquê? Bem, porque pode ser boa ou má. Eu explico-me. Se for para acabar com esta e a que vier depois for melhor, então obviamente que é uma boa notícia. Contudo, nada nem ninguém pode garantir que seja isto que vá acontecer. Como os políticos portugueses já nos habituaram, é preciso ter cuidado com estas coisas pois eles, de alguma forma, conseguem sempre surpreender pela negativa.
 Para já, o silêncio de Passos Coelho pode dar em tudo e, sabendo que o PSD gostou e gosta tanto das políticas do PS ao ponto de por Manuela Ferreira Leite no parlamento a dizer isso mesmo, deve-se ter prudência e baixar expectativas. Haja cuidado e esperemos com tranquilidade o que virá ai neste e nos outros domínios.

A demissão de Sócrates era a desculpa que se precisava

Agência Fitch corta 'rating' de Portugal devido à demissão de Sócrates - JN

Os políticos portugueses, Sócrates incluído, mostraram o quanto não merecem estar nos cargos que estão dando ao mundo político e financeiro mundial a desculpa que precisavam para trazer o último bastião para o seu grande protectorado! Tenhamos orgulho nestes senhores!

Agradeçamos a Sócrates por ter conduzido o país a este ponto e por ter ajudado à birra de Passos Coelho. Agradeçamos a Passos Coelho por ter tido mais olhos que barriga. Agradeçamos aos demais partidos e lideres partidários pelas suas brilhantes estratégias políticas que nos fizeram chegar ao dia de hoje. Agradeçamos finalmente a Cavaco Silva por estar calado mais uma vez quando devia falar alto e claro.

Passos Coelho discorda mas nem tanto...

Passos Coelho assume discordância com chanceler alemã - JN

Repare-se na fineza: discorda com ela mas acha que ela está preocupada. Daqui a duas semanas estará a inventar qualquer coisa para dizer que vai fazer o que ela quer e que era o mesmo que Sócrates estava a fazer.

Como o Miguel Loureiro disse aqui em comentário e no blogue dele também, muda-se a cara de quem fala mas fica quem manda na mesma pois Sócrates não tinha coragem de dizer que não à sua Senhora e Passos Coelho irá depressa descobrir que também lhe falta qualquer coisa para lhe dizer que não.

Oxalá me engane.

Ecos do mundo da irresponsabilidade dos politicos Portugueses

BBC News

CNN

Le Figaro

Le Monde


Sky News

Em comum há três coisas.

A primeira é o espanto geral perante a irresponsabilidade de um partido que viu apenas a sua oportunidade politica de saltar para o poleiro.

A segunda é a ideia que se Passos Coelho julga que irá governar como quer, está redondamente enganado e, enquanto Sócrates ainda tinha margem de manobra para discutir o que fazer, Passos terá apenas liberdade para fazer o que lhe dizem.

A terceira é que dificilmente nos safaremos de levar com UE e FMI em cima.

Interessante foi também saber que a Moody's já ter dito que ou esta brincadeira se resolve facilmente ou o rating vem por ai abaixo.

Tudo coisas bonitas. Para tentar ganhar uma eleições Passos já perdeu a credibilidade internacional, ou seja, Portugal terá um Primeiro-Ministro que é odiado internamente ou então terá um que será odiado internamente e externamente. Para já, contudo, Passos já conseguiu uma coisa: já nos tornou a vida mais difícil a todos (mais do que já era com Sócrates).

Valentia...

O que fazer perante isto? Isto é o claro exemplo do verdadeiro macho latino! Só se bate em quem não se pode defender. Grandes homens estes!


A primeira medida de Passos Coelho



Depois de deitar o governo abaixo, a primeira coisa que Passos promete é aumento de impostos. Também se deverá festejar isto?

Hoje é alegria e amanhã?

Uma onda de felicidade varreu e varre a blogosfera. Quase todos rejubilam pela "queda" de Sócrates. Eu gostava de poder rejubilar com a mesma tranquilidade que quase todos mostram. Infelizmente não consigo. Temo muito pelo futuro do país. Temo que a irresponsabilidade politica de quem nunca será governo (sozinho) e de Passos Coelho que se cansou de esperar custará mais ao país do que o que Sócrates custa neste momento.

Repare-se que já se fizeram sacrifícios, os quais não voltarão atrás. Já se pagam e pagarão inevitavelmente juros mais altos pelos empréstimos. Com esta brincadeira, para além dos sacrifícios que já fizemos e daqueles que faremos independentemente do que se passe daqui para a frente, com sorte, ainda iremos pagar os do FMI.

Ao nível governamental, é um risco muito grande eleições neste momento. Nada garante que não seja Sócrates a ser o único com possibilidade formar governo, tal como aconteceu nas últimas eleições. O PS pode descer e o PSD até pode acabar por ser o partido mais votado. A questão é se terá votos suficientes para formar governo coligado com o CDS. É que sozinho, creio que será muito difícil formar governo estável. Se não houver uma maioria estável, um futuro governo PSD cairá tão depressa como caiu o governo PS. Por isso, a coligação PSD-CDS será a única hipótese para haver um governo que não seja PS. Para isto, PSD e CDS terão de ter juntos mais votos que PS, CDU e BE juntos. Isto não aconteceu e, honestamente, duvido que venha a acontecer.

Primeiro, Sócrates ainda tem e terá uma base confortável de votos, quer por militância quer por fugirem de Passos Coelho. Segundo, prevejo que haverá uma polarização dos votos para o CDS, PCP e BE, tal como aconteceu nas últimas sondagens. Também prevejo que a abstenção vai desfavorecer os partidos do centro, que estão ambos desgastados por sucessivos falhanços governativos.

Assim sendo, não obstante a crise económica e financeira e os riscos que correremos nestas duas dimensões com esta coisa de eleições antecipadas, ainda se corre o risco de tudo ficar na mesma ou de acabarmos com um novo governo (PSD) também ele a prazo.

Para mim, o preço de tentar (e ênfase no tentar) tirar de lá Sócrates nesta altura é demasiado caro e cheio de incertezas para, em boa consciência, eu conseguir celebrar esta potencial queda. Potencial porque para já é só isso mesmo, uma mera hipótese.

Os jogos de Poder - Parte II

A alegria que agora se vive por tirar Sócrates de lá irá, rapidamente, transformar-se em tristeza quando vier a conta. Para já, pagaremos eleições antecipadas. Acho fantástico que todos se queixem de que estão a ser roubados, ou por aumento de impostos ou por corte nos salários, e depois fiquem radiantes por irem pagar mais uns milhões numas eleições estúpidas e desnecessárias. Mas isto é só agora. Iremos ver que consequências irá isto ter a nível internacional.  

Mas o mais engraçado, o que eu acho verdadeiramente hilariante é que, no final de tudo, quem ganhar as eleições irá ter que continuar com as mesmas políticas, seja PS ou PSD. Mais ainda, ninguém garante ao PSD, principal responsável por a queda de Sócrates, que irá ser governo. Ou seja, deita-se um governo a charco e depois vai-se à Igreja rezar para uma intervenção divina para que as coisas corram bem.

Também de rir é o discurso de Pedro Passos Coelho. Deitar um governo abaixo antes do tempo normal depois de umas eleições legitimas e chamar a isto o percuso normal de uma democracia é hilariante. Dizer que chega de atirar culpas e que chega de politicos que não assumem as suas responsabilidades... mas o senhor fala de quem? De Sócrates? De Cavaco? Dele próprio? É que todos estão no mesmo saco. Enfim, se isto é o que me oferecem para substituir Sócrates então eu vou ali e já venho... 

A ver vamos o vai dar esta trapalhada toda. No final, duma coisa tenho a certeza, não vamos ficar melhor.

Responsabilidades a quem as tem

Esta notícia mostra bem a [ir]responsabilidade de Cavaco e, sobretudo, Passos Coelho. É um que Sócrates já passou o seu prazo de validade. É um facto que Sócrates, à semelhança do governo de Durão Barroso, tentou e falhou no controle das contas públicas. Sócrates cometeu erros os quais iremos pagar durante muito tempo, de resto, como agora pagamos os erros de gestão económica de Cavaco (por exemplo). 

Tudo isto é verdade e por ser verdade seria importante houvesse outro Primeiro-Ministro para Portugal. No entanto, no momento que corre, seria mais importante ainda que Passos Coelho e a sua hoste laranja controlasse a sua ânsia pelo poder. Isto especialmente porque lhes pode sair o tiro pela culatra e, a nós demais cidadãos, termos de pagar ainda mais por isso. Isto para não falar que a qualidade de Passos Coelho, na melhor das hipóteses, não é superior à de Sócrates. Assim sendo, ainda pode acontecer que o PSD atire o pais o caos político só para ver CDS, PCP e BE crescerem e eles próprios ficarem na bancada da oposição mais uns quantos anos. 

Uma coisa é certa, Espanha não lhe vai agradecer e a Alemanha não lhe vai ficar a dever favores.

PSD começa a marcha para as eleições



PSD quer clarificação política que conduza a um novo Governo - JN

Eu devo ser bruxo. Isso ou então constatei, aqui, aqui e aqui, o óbvio: o PSD andava a fazer jogo para ganhar as eleições. É que no PSD, com Cavaco por lá, tem pouca noção de democracia. Há menos de dois anos atrás o PSD contava ganhar as eleições e Cavaco contava ter a sua dama como Primeira-Ministra e ele como Presidente.

Tudo correu mal. O PS ganhou e o PSD, mesmo com coligação não chegava ao governo. A festa antecipada ainda ficou pior quando Ferreira Leite saiu da liderança e entrou para lá um não-amigo de Cavaco.

Como na altura não era possível deitar o governo ao charco, o PSD teve de comer e calar. Até acabou por correr bem pois, com a crise que se instalou e que trouxe à luz do dia as loucuras e insanidades governativas de PS e PSD, as culpas podem agora ser exclusivamente atiradas para o outro [Sócrates]. Agora que o outro já fez o trabalho sujo todo e Cavaco já está confortavelmente instalado no poleiro, já se pode ir para eleições.

Ainda bem que Miguel Macedo relembra que o PSD esteve ao lado de Sócrates nos cortes nos salários, no aumento de impostos, nas portagens nas SCUTs... Enfim, nos PECs... É bom porque assim os portugueses poderão ser lembrados de que o PSD na oposição já mostrou o que vai fazer como governo. Assim já podemos ir descansados para as eleições sabendo que se chegou aquele ponto de trocar os empoleirados a bem de se poderem seguir as mesmas políticas.

Jornalismo à Portuguesa



Num mundo em crise económica e com muitos países a passarem por enormes dificuldades financeiras, perante um desastre humanitário e um potencial desastre nuclear no Japão e com as convulsões na Líbia, Yemen, Bahrain, etc... as televisões portuguesas, nos seus programas informativos, perdem enormidades de tempo a falar de uns jogos de futebol e ainda têm a lata de por em rodapé como "última hora" uma notícia sobre com quem vão jogar uns quaisquer clubes de futebol.

Ainda se há quem fique espantado por sermos pobres endividados, senão mesmo falidos! Isto é mesmo um autêntico circo!

Os políticos eleitos e escolhidos pelos portugueses


Portugal é, do ponto de vista político, um país anedótico.

Tem uns eleitores que se fartam de queixar de tudo mas na altura de votar dão os lugares aqueles que levaram e levam aos motivos das suas queixas. Pior do que isso é a própria qualidade dos mesmos. Olhando para os líderes partidários de alguns dos partidos e para os dois principais cargos da República reparamos que, consecutivamente, os eleitores escolhem os piores (e os mesmos).


Por exemplo, escolheram para Presidente um antigo Primeiro-Ministro que arruinou o já fraco sector primário do país, não promoveu uma real revitalização industrial e baseou os seus 10 anos de governo em construção desmiolada e irracional. Um PM que achava que as manifestações deviam ter como resposta o envio das Brigadas de Intervenção das forças de segurança para as desmobilizarem a qualquer preço. Um PM que nunca se engana e raramente tem dúvidas mas que, contudo, não sabia sequer o que era feito e o que faziam com os seus investimentos isto apesar de ter um percurso académico na área e ser considerado um "expert" nessas questões. A juntar a este historial todo, ainda conseguiram eleger e reeleger alguém que nunca diz aquilo que queria e nunca quer dizer aquilo que diz, alguém que fala quando não devia e quando deve cala-se e acha que não tem de tecer comentários. Enfim, elegeram um coitado que não sabe bem o que anda por lá a fazer e que os levou à situação económica em que estamos hoje.

Uma economia demora décadas a ser edificada e mais tempo demora quando se passa 10 anos a destruir o pouco que há. Hoje pagamos pelas megalomanias do mísero professor de finanças que provou perceber muito pouco do assunto e ter muita falta de visão para o futuro, pensando mais no seu próprio bem estar.

Apesar disto tudo, os eleitores acharam que ele era uma boa escolha para Presidente.

Agora, com o parasitismo político a mexer com os cordelinhos, vemos muitos a falarem de eleições. De resto, nada que eu já não tenha dito. Perante um governo que insiste e tem conseguido com algum sucesso (e espanto também) evitar a vinda do FMI, os outros (PS com D), cansados de esperar sentados e ter de andar a reboque, mexem-se rapidamente para saltar para o poleiro. Até aqui nada de novo, politica portuguesa a funcionar.

O problema, e voltando ao título do post, é estes senhores estarem a tentar convencer os eleitores que são alternativa. Isto depois de terem andado de mão dada com o governo, depois de terem estado lá e a sua curta e trágica estadia na liderança dos destinos do país ter acabado com a fuga de um Primeiro-Ministro, uma Ministra de Estado que se recusou assumir o cargo de chefe de governo e um deficit astronómico (sem BPN e crise financeira à mistura).

O interessante é que os eleitores estão a fazer o seu raciocínio normal e cego. Estão a acreditar na lengalenga destes senhores. Não tenho dúvidas que vão, no futuro e assim que tiverem que votar, irão escolher trocar o Sócrates do PS pelo Sócrates do PSD com ou sem Paulo Portas a reboque. Este último irá, certamente, aproveitar para comprar mais uns submarinos e tanques para o país.

Acusa-se os políticos de andarem sempre a trocar os lugares entre si. Mas então quem é que os põe lá? A solução para os problemas está nas mãos dos eleitores portugueses. A eles caberá resolve-los ou não.

Four Chord Song

Se pensavam que as músicas são originais, aqui fica a prova como desde os Beatles até Lady Gaga é tudo a mesma coisa. Maravilhem-se!

Total Eclipse of the Heart: Versão literal

Para alívio cómico do presente.


Mais austeridade? Certamente!

Vejo com espanto os espantados e revoltados com o governo por este estar a aplicar mais medidas de austeridade. Mas alguém suspeitava que isto fosse acontecer?

Quando não se corta nas despesas supérfluas, quando não se fazem reformas na atribuição de reformas, quando não se cortam nos gastos de órgãos do Estado como a Assembleia da República, quando se insiste em sustentar uma hoste de funcionários públicos sem se saber bem onde há falta deles e onde os há a mais e, sobretudo, sem saber que rentabilidade é que os serviços têm, medidas como estas seriam apenas uma questão de tempo. Não se entenda isto contra um ataque ao funcionalismo público. Quem julga que um país funciona sem ele está enganado mas o funcionalismo público tem que ser bem administrado e tem que mostrar trabalho. Não adianta mudar as coisas no papel se na prática elas ficam iguais.

O governo, seja este ou um futuro do PSD, tem muitos amigos a quem importa pagar o dízimo e por isso não corta onde deve. Hoje há subsídios para tudo e para todos sem se pensar naqueles que são necessários para o crescimento económico e aqueles que são para, artificialmente, manter empresas e tachos. Continuamos a pagar um RSI que insiste em não apoiar quem precisa e, pior, insiste em premiar uns quando preguiçosos. Continuamos a sustentar umas EFAs e CEFs que, salvo as devidas excepções, mais não fazem que premiar também os marginais e os chicos-espertos.

Podia continuar mas não é preciso. Os diagnósticos estão mais que feitos. O problema é que nada se faz para os resolver. A questão que importa aqui colocar e que já antes referi é a seguinte: mas quem é que tem posto lá os políticos? Será que eles se nomeiam uns aos outros e ninguém me informou? É óbvio que não. Eles são eleitos. São os mesmos que agora se queixam dos seus líderes que os puseram lá. Puseram e vão por. Repare-se que se quer tirar de lá Sócrates para por Passos Coelho. Mas então expliquem-me uma coisa. Não votou Passos Coelho ao lado de Sócrates nesta treta toda de austeridade? Não é este líder deste partido político que, depois de muito espumar para as câmaras, numa reles tentativa de marcar a diferença, vota ao lado do PS de Sócrates? Não é este partido e este senhor que responsabiliza o PS pelas portagens nas SCUTs, por exemplo, mas quando questionado se vai acabar com elas diz que não? Mas andamos aqui a brincar ou será que o intelecto dos portugueses é diminuto suficiente para apenas perceber uma telenovela ou um jogo de futebol?

Um partido que apoia quem está a governar em tudo e mais alguma coisa não será, certamente, a solução. Por isso pergunto: querem tirar o Sócrates para pôr o seu irmão gémeo laranja e depois ficam espantados por os resultados serem os mesmos?

Como alguém disse: "Insanity is doing the same thing over and over again but expecting different results." (Insanidade é fazer a mesma coisa vez e outra vez e esperar resultados diferentes)

Confiança nos jovens


Cavaco Silva, bem como muitos da sua geração, fartam-se de dizer que têm confiança nos jovens. Pois é bom que tenham já que não lhes resta outra alternativa. Depois de terem passado os últimos 40 anos a darem cabo do país, só resta ter confiança nos jovens. Se não forem os mais novos a reparar os excessos e incompetência de pais e avós, quem é que lhes irá pagar a reforma?

Cavaco sabe bem disso. Sabe que, com a idade que tem e depois deste anos todos na política, empurrou para geração dos seus filhos e, sobretudo, netos o ónus de reconstruir o país. Sabe também que serão estes mesmos que, para além de acarretarem com os seus erros, lhe pagarão os luxos da sua velhice.

Posto isto e com o tempo a fugir-lhes por entre as rugas e cabelos brancos, que remédio têm eles em terem confiança nos novos. Com tanto desvarios que eles fizeram, raios é se os novos se lembram de continuar no mesmo caminho do despesismo e luxuria! Lá se lhes vão as reformas e mordomias. Por isso, é bom relembrar aos jovens, sempre que possível, que vão ser eles a ter de limpar a "caca" que os pais e avós lhes deixam, a bem da nação, ou pelo menos, das suas reformas.

Engraçado seria mesmo se os filhos e netos resolvessem virar-se para os seus progenitores e lhes dissessem que, se vocês não souberam assegurar o nosso futuro, não seremos nós a assegurar o vosso. E com isto se recusassem pagar-lhes as reformas, saúde e tudo o mais. Nessa altura queria ver se ainda teriam tanta confiança no futuro do país nas mãos desses jovens.

Matar a regionalização?! Não! Ela já morreu há muito!

Matar a regionalização - Opinião - DN

Um artigo a não perder. O único acrescento que lhe faço é que não foi Sócrates que a matou. Quem a matou foi Cavaco que a devia ter feito na altura e não fez porque não queria perder o dinheiro para Lisboa e Vale do Tejo. Quem veio depois limitou-se a empurrar para a frente com a barriga e não a fazer. Até Guterres que levou o país a um referendo sobre ela, mostrou que o verdadeiro interesse era matá-la e não fazê-la. Resta saber porquê. Aliás, não deixa de ser curioso que não haja um único político com a regionalização como tema urgente a tratar. É interessante ver que, apesar de o povinho acha que aquilo vai ser um montão de tachos novos a criar e, assim sendo, os políticos ainda não a tenham feito! Isto sim, é algo digno de ser analisado ao detalhe. Se, de facto, a regionalização vai dar tanto lugar a tanto membro partidário porque não avançam os políticos com ela?

Pois... A resposta será por ventura bem mais complicada e não irei agora aqui desenvolver isto. É óbvio que a regionalização trará mais cargos políticos. Mas também é óbvio que acabará com outros tantos. Estranho porque os portugueses (a julgar pelos comentários no artigo) continuam a não querer uma regonalização onde escolheriam quem punham no tacho para lhes tratar da sua região mas, no entanto, insistem e aceitam manter no poleiro uns quantos governadores civis que não são eleitos e nada fazem por poucas competências lhes serem dadas por lei.

Há muitas razões que se podem apontar para não fazer a regionalização. Pessoalmente acho que são todas balelas mas aceito que possa haver quem as defenda. Agora, quando me falam na questão dos tachos... Tachos já há muitos e muitos são fora o "estado" propriamente dito. Aliás, os apontados tachos do poder autárquico são, na realidade, aproveitados por gentinha que não tem onde cair morta e não por amigos do poder. Resta-me questionar se, quem fala nos tachos como razão para não se fazer a regionalização, fala por pura ignorância, interesse próprio ou pura imbecilidade...

As evoluções em Portugal



Portugal, país sui generis, sofreu ao nível das necessidades educativas uma profunda transformação. No passado, qualquer pessoa, com ou sem formação, estava habilitada a desempenhar uma tarefa. Tudo dependia da sua capacidade para a fazer a qual era avaliada a "olhometro" pela entidade empregadora. Qualquer pessoa com a 4ª Classe podia chegar a dirigir uma empresa se trabalhasse e provasse ser capaz.

Pelo contrário, hoje em dia, temos o oposto. Para se desempenhar a mais ridícula das funções é preciso ter um curso qualquer. Com Bolonha, caímos no ridículo de pedir Mestres para desempenharem funções de técnicos especializados. Isto é, está-se a cair na banalização do superior. Até aqui banalizamos as licenciaturas. Com Bolonha, banalizamos os Mestrados. O próximo passo é criar uma coisa qualquer para que todos sejam Doutorados.

Anda toda a gente a vender falsas expectativas aos jovens e aos seus pais. Entramos na loucura de pensar que todos têm de ser "doutores" para arranjarem emprego ou para serem alguém na vida. Abrem-se múltiplos cursos para tudo e mais alguma coisa. Há quem lhe chame "especialização". Pois bem, que se chame isso. Um país precisa de gente bem formada e com boas especializações. O que o país não precisa é de uma massificação do ensino superior onde passamos da premissa de inicial para outra onde para se ser operador(a) de caixa num qualquer hipermercado é preciso ter uma licenciatura ou mestrado.

O interessante é que, quem tem como função olhar para estes assuntos, já sabe muito bem isto que eu acabei de dizer. Até aqui nada de novo. Então, importa perguntar porque é que não se faz nada para inverter isto? Pois, aqui é que a porca torce o rabo. Não se muda pois há tachos a manter. Uma revolução e racionalização dos recursos educativos face às necessidades do país levaria à redução drástica no número de licenciaturas e seus numerus clausus. Poderia levar mesmo ao encerramento ou fusão de muitas Universidades, Institutos e Escolas Superiores. Como consequência, muitos teriam de ir fazer pela vida noutro lado. Como isso é, no mínimo incómodo, mantém tudo na mesma e continua-se a alimentar a crença dos portugueses que um filho licenciado é que bom e a inveja típica portuguesa; "se o teu filho é licenciado o meu há-de ser mestre".

Enquanto mantemos a preço de ouro os tachos de muitos, pagamos todos com um país atrasado e parado. O país não tem mercado de trabalho capaz de absorver tanta formação. É que, se por um lado "vendemos" licenciaturas, por outro vendemos uma economia assente em "baixos salários". Estas duas coisas são inversamente proporcionais. Se temos muitos licenciados, temos de ter salários altos e não baixos e vice-versa. Resultado, andamos a formar quadros para serem sub-aproveitados ou para irem desenvolver outros países.

Em suma, passamos de uma situação em que qualquer trolha pode ser engenheiro para uma em que para se ser trolha é preciso ser-se engenheiro. Com esta irracionalidade na gestão de recursos do país, quer seja para ganhar votos, alimentar tachos ou apenas para estrangeiro ver, andamos agora a pagar a factura. Pena que, à boa maneira portuguesa se acredite ainda que é possível gastar mal eternamente sem nunca pagar o preço.